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Protestos em Hong Kong pedem renúncia de líder

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Entre um milhão (segundo a polícia) e dois milhões (segundo os organizadores) de pessoas, vestidas de preto, encheram as ruas de Hong Kong neste domingo (16), no que está se tornando o mais significativo desafio do relacionamento do território semiautônomo com a China em mais de 20 anos.

Os manifestantes agora pedem a renúncia da chefe executiva Carrie Lam, pró-Pequim, após ela ter adiado indefinidamente o projeto de lei que autoriza extradições para a China continental. O recuo foi em resposta a protestos recentes repreendidos com violência pela polícia.

Na multidão estavam famílias inteiras, desde jovens a idosos, que formavam um mar de preto pelas calçadas e estações de trem. Alguns carregavam cravos brancos e cartazes dizendo "Não atire, somos Hong Kong" e gritavam "Renuncie!".

Na quarta (12), mais de 70 pessoas ficaram feridas por balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.

No sábado, um homem morreu ao cair do telhado de um centro comercial após segurar por várias horas um cartaz dizendo: "Retire completamente a lei de extradição chinesa. Não somos baderneiros". No domingo, ativistas deixavam flores, origamis e mensangens no local da tragédia.

Também no domingo Lam pediu oficialmente desculpas pela forma como seu governo tentou aprovar o projeto.

Em nota, ela admitiu que as deficiências de seu governo levaram a conflitos e disputas que desapontaram e angustiaram a população. "A chefe executiva apresenta suas desculpas aos cidadãos e promete aceitar críticas com mais sinceridade e humildade."

No sábado, Lam já havia dito lamentar e estar profundamente arrependida com o trabalho do governo, prometendo "reativar a comunicação com a sociedade e ouvir diferentes opiniões". Questionada sobre se renunciaria, ela pediu uma "nova chance".

"Um pedido de desculpas não é suficiente", disse o manifestante Victor Li, 19.

Os manifestantes pretendem pressionar Lam para que a retirada definitiva do projeto e os policiais envolvidos na repressão sejam punidos. "A suspensão significa que o projeto pode ser reativado a qualquer momento", disse o militante Lee Cheuk-yan.

O projeto de lei gerou o temor de que habitantes de Hong Kong ficassem sujeitos a julgamentos politizados na China. A comunidade empresarial temia ainda a possibilidade de a reforma prejudicar a imagem e a atratividade do centro financeiro.

Mas o secretário das Finanças de Hong Kong, Paul Chan, minimizou o impacto dos protestos. "Mesmo que o ambiente externo continue obscuro e a atmosfera social, tensa, os mercados financeiros e econômicos de Hong Kong ainda estão operando de maneira estável e ordeira."