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Após detenção, jornalistas voltam aos EUA

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WASHINGTON - O jornalista Jorge Ramos e sua equipe, da "Univisión", uma das principais emissoras hispânicas dos Estados Unidos, chegaram ontem a Miami, depois de terem sido retidos durante mais de duas horas na sede da presidência da Venezuela, quando faziam uma entrevista com o presidente Nicolás Maduro.

"Estivemos detidos no Palácio de Miraflores", disse Ramos a jornalistas que o aguardavam em Miami. "Imaginem o que não farão com jornalistas venezuelanos", questionou.

Na noite de segunda-feira, ele e outros cinco jornalistas da "Univisión" foram detidos quando, segundo sua versão, Maduro se irritou porque mostraram a ele um vídeo em que jovens venezuelanos aparecem comendo lixo.

Neste momento, o governante teria se levantado e deixado a entrevista. Os comunicadores foram então levados e seu equipamento, confiscado.

"Eu perguntei se ele era um presidente ou um ditador, porque milhões de venezuelanos não o consideram um presidente legítimo, sobre as acusações de Juan Guaidó (líder opositor reconhecido como presidente encarregado por 50 países) de que ele era um usurpador do poder", disse Ramos.

"Ficamos detidos, não há outra palavra, por mais de duas horas no palácio de Miraflores", completou o jornalista.

Depois de mais de duas horas, os jornalistas foram enviados ao hotel onde estavam hospedados em Caracas, mas denunciaram que os funcionários do governo tinham apreendido seu equipamento e seus celulares.

"Nunca pensei que Maduro fosse primeiro se levantar de uma entrevista e, depois, nos deter por mais de duas horas. E pior, roubar nossa entrevista", disse Ramos em Miami.

"Se Maduro não é tão covarde, se tem coragem de dar a cara, que mostre a entrevista completa, ninguém vai editá-la", prosseguiu ele.

Ontem, 16 organizações de defesa da liberdade de expressão, entre elas a Human Rights Watch, a Fundação García Márquez, Repórteres sem Fronteiras e a Sociedade Interamericana de Imprensa, condenaram o episódio.

"Esta detenção constitui uma violação grave à liberdade de imprensa e fere o direito à liberdade de informação sobre o desenrolar de fatos que são de interesse global", escreveram as entidades em um comunicado conjunto.