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Forças antijihadistas na Síria pedem que países estrangeiros 'assumam responsabilidades'

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As forças antijihadistas na Síria pediram neste domingo aos governos estrangeiros para "assumir suas responsabilidades" diante do afluxo de milhares de seus cidadãos evacuados do último reduto do grupo Estado Islâmico (EI).

Cerca de 5.000 pessoas - homens, mulheres e crianças - deixaram desde quarta-feira a localidade de Baghuz, onde os jihadistas estão entrincheirados em menos de meio quilômetro quadrado.

Desde dezembro, cerca de 46 mil pessoas, entre civis e jihadistas, deixaram a área, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

"Enquanto milhares de estrangeiros fogem do califado em ruínas, o fardo que já é pesado demais para nós se torna ainda mais pesado", alertou Moustafa Bali, porta-voz das Forças Democráticas Síria (FDS).

"Este é o maior desafio que temos pela frente, a menos que os governos ajam e assumam a responsabilidade por seus cidadãos", acrescentou, referindo-se em particular aos países ocidentais.

"As nossas prisões não podem acomodar todos os combatentes", advertiu Abdel Karim Omar, encarregado pelas Relações Exteriores da administração semi-autônoma curda.

As FDS, dominadas por combatentes curdos e apoiadas pela coalizão internacional anti-EI liderada pelos Estados Unidos, suspenderam nos últimos dias sua ofensiva "final" em Baghuz para evitar um derramamento de sangue, acusando os jihadistas de usarem os civis como "escudos humanos".

Cerca de 2.000 pessoas ainda estariam no reduto extremista, segundo as FDS.

Cercados há semanas, os últimos combatentes do EI espalharam minas que impedem alguns civis de fugir na esperança de retardar o avanço das FDS.

Em seu auge em 2014, o EI controlava um vasto território entre a Síria e o Iraque. Milhares de estrangeiros juntaram-se a esse autoproclamado "califado", defendendo um Islã ultrarradical.

Um porta-voz das FDS disse que um grupo de jovens yazidis estava "entre as muitas crianças salvas" nos últimos dias. Essa minoria foi particularmente vítima dos abusos do EI.

Os sobreviventes são enviados para o campo de deslocados de Al-Hol, na província de Hassaké (nordeste), após longas viagens em condições muito precárias.

O número de pessoas que morreram nessas viagens ou logo após a chegada ao acampamento de Al-Hol subiu para 69, informou a ONG International Rescue Committee (IRC) na sexta-feira. A ONU evocou, por sua vez, "mais de 60 mortos".

E as condições também são muito difíceis em Al-Hol, um campo lotado que abriga mais de 40.000 pessoas.

Em outra frente da guerra na Síria, mais de 20 civis morreram neste domingo na explosão de uma antiga mina enterrada pelo EI na província de Hama (centro), segundo a agência oficial de notícias Sana.

Iniciado em 2011, o conflito sírio já provocou mais de 360.000 mortos e deslocou vários milhões de pessoas.