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Maduro critica ajuda humanitária, mas EUA enviarão nova remessa

Federico Parra/ AFP -
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, qualificou nesta sexta-feira (15) de "migalhas" de "comida podre" a ajuda humanitária enviada pelos Estados Unidos a pedido do opositor Juan Guaidó, reconhecido por 50 países como presidente interino.

"É uma armadilha, fazem um show com comida podre e contaminada", assegurou Maduro, durante um ato em Ciudad Bolívar, sudeste da Venezuela, reiterando que os Estados Unidos querem invadir militarmente a Venezuela.

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Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. (Foto: Federico Parra/ AFP)

Apesar das críticas, as forças armadas americanas vão transportar cerca de 200 toneladas de ajuda humanitária para a Colômbia em um avião de carga C-17, informou uma fonte anônima do Departamento de Defesa.

O presidente socialista culpou pela escassez de alimentos e remédios que afeta o país a "guerra da oligarquia" e as sanções dos Estados Unidos, que congelou contas e ativos venezuelanos. Caracas cifra em 30 bilhões de dólares o dano à economia.

"Agora eles têm a história da ajuda humanitária. Nos roubam 30 bilhões de dólares e oferecem quatro migalhas de comida podre", reiterou o governante.

Maduro assegurou que seu governo entrega a seis milhões de famílias caixas de alimentos a preços subsidiados, e que esta semana comprou 933 toneladas de medicamentos e insumos médicos para China, Cuba e Rússia.

"Pagamos com nosso dinheiro porque não somos mendigos de ninguém", assinalou.

Um carregamento de remédios e alimentos está armazenado desde 7 de fevereiro em Cúcuta (Colômbia), na fronteira com a Venezuela, perto de uma ponte bloqueada por militares venezuelanos com contêineres e uma cisterna.

Guaidó assegura que essa assistência entrará a todo custo em 23 de fevereiro, quando completará um mês de ter se autoproclamado depois que o Congresso - de maioria opositora - declarou Maduro "usurpador" ao denunciar sua reeleição como "fraudulenta".

Maduro acusou o opositor de 35 anos de ser um "fantoche" do presidente Donald Trump e um "Judas" por pretender "que o império americano invada e ocupe militarmente" o país e "se apodere" das riquezas petroleiras e do ouro da Venezuela.

"Isso se chama traição à pátria (...) O pior é estimular a loucura imperial de um governo extremista da Ku Klux Klan que está à frente da Casa Branca", manifestou.

Delegados de Guaidó anunciaram na quinta-feira na sede da OEA terem recolhido nas últimas três semanas mais de 100 milhões de dólares em ajuda à Venezuela, que vive uma severa crise que provocou o êxodo de cerca de 2,3 milhões de venezuelanos desde 2015, segundo a ONU.

Maduro reiterou que acredita no "diálogo como a fórmula mágica" para resolver a crise venezuelana e disse esperar a convocação de uma negociação em virtude dos esforços de México, Uruguai e dos países caribenos do Caricom.

Guaidó manifestou que não participará de um diálogo "falso", depois de acusar o governo de ter ganhado tempo com negociações anteriores.

Apesar do acirramento das tensões, Maduro revelou, nesta sexta, que seu chanceler Jorge Arreaza se reuniu duas vezes com o representante especial norte-americano para a Venezuela recentemente em Nova York. "Fizemos duas reuniões com o senhor Elliott Abrams em Nova York", disse Maduro à AP.

O mandatário reafirmou sua diposição a se reunir com Abrams. "Convidei Elliott Abrams a vir à Venezuela. Em particular, publicamente, em segredo. Diga onde, quando e como e eu vou", declarou.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse nesta sexta que o fato de Maduro "ter dito publicamente que deseja conversar com os Estados Unidos não é novo".

No entanto, acrescentou Pompeo, "mostra que ele está cada vez mais entendendo que o povo venezuelano está rejeitando seu modelo e que o presidente interino, (Juan) Guaidó, é ao mesmo tempo o líder constitucional daquele país e que liderará a Venezuela e seu povo rumo a eleições livres" e a uma recuperação econômica.

Nesta sexta, o presidente da Colômbia, Iván Duque, pediu, em discurso na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), "demanda que o cerco diplomático se intensifique e se fortaleça, que se convide de forma clara os membros das forças armadas da Venezuela a apresentarem sua lealdade à Assembleia Nacional e ao presidente Guiadó e que sejam concedidas as garantias para que deixem o povo venezuelano falar com tranquilidade".

"Denunciar os abusos dessa ditadura é um dever à luz do sistema interamericano (...). Se mantivermos silêncio e não falarmos, seremos cúmplices daquela horrenda ditadura", afirmou.

Duque falou horas antes de uma sessão extraordinária do Conselho Permanente da OEA para analisar a situação na Venezuela.

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