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Gigante africano vai às urnas

Sodiq Adelakun/AFP -
Atual presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, busca novo mandato nas eleições
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LAGOS - A Nigéria, maior potência petroleira da África e país mais populoso do continente, com 190 milhões de habitantes, escolherá hoje, em eleições muito disputadas, quem será o presidente da nação entre o atual chefe de Estado em fim de mandato, Muhamadu Buhari, e o líder da oposição e ex-vice-presidente, Atiku Abubakar. O tema econômico, com a retomada do crescimento, e a segurança, com o combate ao grupo terrorista Boko Haram, estão entre os principais temas em debate.

A campanha ficou marcada pela morte de 15 pessoas na última terça-feira em uma avalanche humana após um ato em apoio a Buhari, que não estava presente no local. O mandatário realizou no sábado passado o seu principal comício da corrida presidencial, em Lagos, diante de dezenas de milhares de pessoas.

O tumulto ocorreu no final da manifestação, que aconteceu em um estádio de Port Harcourt, no estado de Rivers, quando a multidão tentava sair do local, informou um hospital que atendeu feuridos.

"Foram levados 15 corpos (ao Hospital Universitário de Port Harcourt), três homens e 12 mulheres", explicou o porta-voz do hospital Kem-Daniel Elebiga. "Doze sobreviventes" foram atendidos ou estão em tratamento.

Apesar dos atos atraírem milhares de pessoas, muitos presentes nas manifestações querem obter algum dinheiro, comida ou "presentes" jogados pelas equipes de campanha para o público, o que relativiza a presença de apoiadores dos políticos.

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Candidato oposicionista à presidência nas eleições nigerianas de hoje, Atiku Abubakar (Foto: Luis Tato/AFP)

Em contrapartida, o partido de Abubakar, que tinha previsto uma grande manifestação na cidade de Abuja, teve que cancelar o ato, pois os acessos ao local foram bloqueados pelas forças de ordem. O opositor acusou o presidente Buhari e seu partido de estarem por trás da proibição, afirmação negada pelos governistas.

Durante um mês, Buhari, candidato do Congresso dos Progressistas (APC), e Abubakar, do Partido Popular Democrático (PDP), principal movimento da oposição, percorreram os 37 estados da Nigéria.

A Nigéria mergulhou em uma recessão econômica entre 2016 e 2017, logo depois que Buhari chegou ao poder. A situação melhorou, mas o crescimento não está ocorrendo em um ritmo forte e o país não se recupera como a população esperava.

O gigante da África é atualmente o país do mundo que tem o maior número de pessoas vivendo abaixo do limiar da extrema pobreza (87 milhões), à frente da Índia, de acordo com o World Poverty Clock. O tema econômico centraliza as discussões e o opositor Abubakar prometeu em seu lema de campanha "fazer a Nigéria trabalhar de novo" ("Make Nigeria work again").

Buhari, por sua vez, se posicionou como um político próximo ao povo, com a promessa de criar o "Trader Moni", um sistema de microcrédito de 24 a 75 euros para os dois milhões de pequenos comerciantes nos mercados locais.

Na Nigéria, país dividido entre um sul predominantemente cristão e um norte dominado pelos muçulmanos, além de diversas comunidades, a escolha dos candidatos é geralmente baseada mais em sua região de origem e religião do que em ideias e programa. Mas neste ano, os dois principais candidatos são muçulmanos e pertencem à mesma comunidade hausa, estabelecida principalmente no norte do país.

Luis Tato/AFP - Candidato oposicionista à presidência nas eleições nigerianas de hoje, Atiku Abubakar