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Theresa May percorre a Europa em busca de esperança para o acordo do Brexit

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Em busca de alguma "garantia" para manter vivo o controverso acordo do Brexit, a primeira-ministra britânica Theresa May visita nesta terça-feira os principais líderes europeus, que, no entanto, já deixaram claro que não pensam em reabrir a negociação.

Diante da evidência de uma derrota humilhante na sessão de ratificação prevista para esta terça-feira no Parlamento britânico, a chefe de Governo conservadora decidiu adiar a votação e partiu para uma nova rodada de conversas com os colegas europeus.

Durante a manhã se reuniu em Haia com o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte. "Foi um diálogo útil que nos permitiu discutir os últimos acontecimentos do Brexit", tuitou este último ao lado de uma foto de ambos.

May deve fazer uma escala em Berlim para um encontro com a chanceler alemã Angela Merkel.

E durante a noite seguirá para Bruxelas, onde terá conversas com os presidentes do Conselho Europeu, Donald Tusk, e da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que pretende ressaltar que "não há margem para renegociação".

"Vou falar com a senhora May esta noite e direi, como disse ao Parlamento antes, que o acordo que alcançamos é o melhor acordo possível, é o único possível", afirmou Juncker.

"Mas certamente há margem suficiente, com inteligência, para mais esclarecimentos, mais explicações sobre a interpretação", completou.

O Parlamento britânico inicia o recesso de fim de ano em 20 de dezembro e retomará as sessões em 7 de janeiro. Nesta terça-feira, o governo prometeu submeter o acordo à votação antes de 21 de janeiro.

Após o referendo de junho de 2016, no qual 52% dos britânicos votaram a favor do Brexit, o Reino Unido deve sair do bloco em 29 de março. Caso não ratifique o texto negociado com Bruxelas, a retirada deve acontecer sem acordo, o que teria consequências catastróficas para a economia britânica.

Ou simplesmente cancelar o Brexit, o que em um país muito dividido faz com que alguns sonhem, enquanto outros não desejam nem ouvir falar da possibilidade.

O acordo estabelecido entre May e os 27 países do bloco europeu, um calhamaço de 585 páginas, fruto de 17 meses de difíceis negociações, enfrenta uma grande rejeição no Parlamento britânico.

O ponto mais polêmico do acordo negociado por May é o chamado "backstop", ou "rede de segurança", um mecanismo pensado para evitar o retorno de uma fronteira dura na ilha da Irlanda que ameace o Acordo de Paz de 1998, que acabou com 30 anos de um conflito violento.

O mecanismo só entraria em vigor após o período de transição, previsto inicialmente até o fim de 2020, mas que pode ser ampliado até 2022, e se não for encontrada uma solução melhor durante a negociação da futura relação entre as partes após o Brexit.

Apesar de tudo, os defensores do Brexit temem que o Reino Unido fique permanentemente atrelado às redes europeias e pressionam para que May tente uma improvável renegociação para obter mais garantias.

Juncker destacou a determinação da UE de fazer todo o possível para não chegar a uma situação que exija a aplicação do "backstop", mas defendeu que este não pode ser apenas suprimido, principalmente pelo interesse da República da Irlanda, membro do bloco.

"Nunca vamos deixar a Irlanda para trás", declarou.

O ministro irlandês das Relações Exteriores, Simon Coveney, afirmou que o governo de Dublin descarta mudar o Acordo de Retirada, mas não descartou uma "declaração política do Conselho Europeu".

Tusk decidiu convocar para quinta-feira uma reunião extraordinária sobre a saída britânica da UE, no início de um conselho europeu de dois dias, previsto há vários meses e que tinha em sua agenda outros temas importantes, como a imigração e o orçamento.