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Demandas e apelações tornam incerto resultado eleitoral na Flórida

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Mais de uma semana depois das eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, o estado da Flórida tinha até esta quinta-feira (15) para entregar a recontagem dos votos, mas as seções eleitorais estão inundadas por demandas e apelações.

A Flórida iniciou a contagem dos votos para governador, para um assento no Senado federal e para outro assento local depois que alguns candidatos venceram o pleito em 6 de novembro com menos de 0,5% de vantagem.

Particularmente, estão em discussão a vitória do republicano Ron DeSantis sobre o democrata Andrew Gillum para o governo do estado, e do atual governador republicano Rick Scott sobre o senador democrata Bill Nelson por um assento no Senado.

Na última reviravolta deste impasse eleitoral cheio de suspense, um juiz decidiu nesta quinta-feira pela manhã a favor de Nelson e do Partido Democrata, contrários a que 4.000 votos tivessem sido rechaçados porque as assinaturas dos eleitores apresentavam inconsistências.

Os democratas apostam em que estes votos podem ajudá-los a reverter a primeira contagem, na qual Rick Scott teve vantagem de 0,15% para conquistar o assento no Senado.

Independentemente de quem vencer, os republicanos vão manter sua maioria no Senado, mas se o assento continuar nas mãos dos democratas, sua vantagem será diminuída.

O juiz Mark Walker determinou às seções eleitorais que permitam aos eleitores corrigir as cédulas rejeitadas por disparidade nas assinaturas antes das 17h locais de sábado quinta-feira (20h de Brasília).

"O assunto neste caso é definir se a lei da Flórida que permite que os oficiais eleitorais rejeitem os votos por correio e as cédulas provisórias devido à disparidade nas assinaturas e sem um padrão (...) supera o filtro da constitucionalidade. A resposta é simples: não", disse o juiz.

Rick Scott anunciou que vai apelar da decisão.

"Todo mundo sabe como isto vai terminar", disse seu porta-voz, Chris Hartline. "Quando a recontagem tiver concluído, nesta tarde, Nelson terá que decidir se quer preservar seu legado e sair com dignidade [do Senado] ou se quer ser lembrado para sempre como alguém que foi usado por grupos com interesses liberais".

O presidente Donald Trump meteu a colher na disputa na Flórida, denunciando fraude eleitoral e exigindo dos candidatos democratas que aceitem a derrota, o que Nelson não fez e Gillum se retratou por ter se precipitado em fazê-lo na noite das eleições.

Na segunda-feira, Trump publicou no Twitter que "a eleição da Flórida deve terminar favorável a Rick Scott e Ron DeSantis, pois grandes quantidades de cédulas eleitorais apareceram do nada e muitas cédulas se perderam ou são falsas".

Não está claro até que ponto o caso judicial das assinaturas afetará o prazo desta quinta-feira para entregar a recontagem de uma eleição que contou com a participação histórica de 8 milhões de eleitores na Flórida.

O condado de Palm Beach, que costuma fazer a balança inclinar para o lado democrata, já havia anunciado ser improvável que conseguisse terminar a recontagem ao vencer o prazo das 15h locais (18h de Brasília) e que neste caso, entregaria os resultados anteriormente contabilizados.

Embora a margem siga sendo muito pequena (inferior menor a 0,25%), o secretário de Estado da Flórida pode determinar uma terceira contagem, desta vez manual, que deverá ser entregue antes de 18 de novembro.

Há quase 20 anos, o chamado "estado do sol" foi notícia por ter sido cenário de um episódio similar, que marcou a eleição presidencial americana do ano 2000.

Na ocasião, a Flórida virou manchete na imprensa mundial porque alguns poucos votos separaram o republicano George W. Bush do democrata Al Gore.

Depois de uma contagem manual e de uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, o republicano derrotou o democrata na Flórida por 537 votos e venceu as presidenciais.