O jornalista marroquino Taufiq Buashrin foi condenado na sexta-feira (9) à noite a 12 anos de prisão por crimes de violência sexual, o que sempre negou, ao fim de um polêmico julgamento que dividiu a opinião pública.
Este "julgamento político", para uns, e escândalo sexual, para outros, mobilizou a imprensa local, devido à personalidade do acusado e à gravidade das acusações.
Detido em fevereiro passado e mantido preso desde então, o diretor do jornal independente "Akhbar al Yaum" estava sendo julgado desde 8 de março pela Câmara Penal do Tribunal de Apelações de Casablanca por "tráfico de pessoas", "abuso de poder com fins sexuais" e "estupro e tentativa de estupro".
Quando tomou a palavra na sexta-feira, pela última vez antes do veredicto, o acusado reiterou que era "vítima de um julgamento político por culpa de seus textos", afirmou um de seus advogados, Mohamed Ziane.
O jornalista, de 49 anos, é conhecido por seu tom crítico e por sua influência e poderia ser condenado a até 20 anos de prisão. Seus advogados pediam sua absolvição.
"Tranquilo e seguro de si mesmo", o jornalista lamentou que, "no mundo árabe, não se compreenda sempre o que é a liberdade de imprensa", afirmou seu advogado.
Segundo ele, seu cliente está sendo punido por seus textos contra o milionário ministro marroquino da Agricultura, Aziz Akhanush, ou contra o príncipe herdeiro saudita, Mohamed Bin Salman.
O tribunal o declarou culpado de todas as acusações que pesavam contra ele e ordenou que as vítimas sejam indenizadas com quantias que vão de 100.000 a 500.000 dirhams (entre 9.000 e 46.000 euros).
A parte civil considerou que "as indenizações não estão à altura dos prejuízos" e decidiu recorrer, afirmou o advogado Mohamed Kerut.
A acusação se baseia, principalmente, em duas denúncias, três testemunhos e 50 vídeos apreendidos em seu escritório, no momento de sua detenção.
Essas imagens, muito explícitas, mostram "práticas abjetas", segundo os advogados das denunciantes. Já a defesa assegura que são "montagens".
Uma perícia feita a pedido da Procuradoria e da parte civil confirmou a autenticidade dos vídeos, mas, segundo a defesa, as imagens não permitem identificar Taufiq Buashrin formalmente.
O caso teve vários episódios polêmicos durante o processo: quatro mulheres citadas como "vítimas" pela acusação negaram estarem envolvidas. Uma delas foi condenada a seis meses de prisão por ter acusado a polícia de falsificar sua declaração, uma pena confirmada em apelação esta semana. Outras se recusaram a comparecer no tribunal.
Ao fim, oito das 15 partes civis citadas inicialmente pela acusação foram reconhecidas como vítimas e indenizadas, segundo seus advogados.
Taufiq Buashrín já foi alvo de processos: em 2009, por uma charge considerada desrespeitosa para com a família real e a bandeira nacional; em 2015, por um artigo que atentava contra a "reputação de Marrocos"; e, em 2018, por "difamação" contra dois ministros.
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