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Apesar de derrota na Câmara, Trump destaca êxito republicano no Senado

Jim Watson/AFP -
Trump fala pela primeira vez publicamente sobre as eleições legislativas de meio mandato em coletiva de imprensa na Casa Branca
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avaliou que o Partido Republicano teve um “tremendo sucesso” nas eleições legislativas de meio mandato na última terça-feira, apesar da legenda ter perdido o comando da Câmara dos Representantes para a oposição democrata após oito anos de supremacia nas duas Casas legislativas. Os republicanos conseguiram manter o controle sobre o Senado, estratégico para a estabilidade de seu governo, e devem ampliar timidamente o número de cadeiras. Depois de enaltecer o resultado e apelar por esforços bipartidários, Trump se mostrou confiante a ponto de demitir o procurador-geral americano, Jeff Sessions, um movimento arriscado e de implicações imprevisíveis para seu futuro político.

Os democratas garantiram a maioria das 435 cadeiras da Câmara e elegeram mais de 220 deputados para um mandato de dois anos - no Brasil, são quatro. No Senado, que renova um terço de sua composição a cada dois anos, apenas 35 vagas estavam em jogo para um mandato de seis anos (oito no Brasil).

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Trump fala pela primeira vez publicamente sobre as eleições legislativas de meio mandato em coletiva de imprensa na Casa Branca (Foto: Jim Watson/AFP)

A vitória da oposição em uma disputa encarada como um referendo sobre a administração Trump fortaleceu o Partido Democrata, sacudido pela inesperada derrota de Hillary Clinton em 2016. A taxa de comparecimento às urnas foi substancialmente mais alta do que a última eleição de meio período, em 2014, e os eleitores latinos e jovens, além das mulheres, tiveram um papel ativo na virada democrata.

Os republicanos, que venceram todas as eleições legislativas desde 2010, saem enfraquecidos após perderem votos em distritos tradicionalmente fiéis ao partido, como nos estados do Texas e Oklahoma. Houve, no entanto, derrotas inesperadas para os democratas em Indiana, Dakota do Norte e Missouri.

A manutenção do controle do Senado pelo Partido Republicano foi uma vitória importante para o governo Trump. A legenda deve ampliar o número de cadeiras em comparação à composição atual, mas de forma tímida. As chances dos democratas formarem maioria eram reduzidas em relação à Câmara, já que precisavam de um número de cadeiras bem maior para atingirem o piso de 51 senadores em meio a disputas complexas em estados majoritariamente republicanos.

Trump também chamou para si o capital político responsável por vitórias determinantes de candidatos em distritos e estados estratégicos, como Flórida, Texas e Ohio. “Para todos os comentaristas e as cabeças falantes que não nos dão o devido crédito por essas excelentes eleições legislativas de meio período, lembrem apenas de duas palavras - FAKE NEWS!”, escreveu o presidente americano no Twitter.

Trump demite Jeff Sessions

Depois de meses de atritos e críticas públicas, Trump anunciou ontem, pelo Twitter, a demissão do procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, menos de 24 horas após o fechamento da última seção eleitoral americana. O gesto, possivelmente planejado com meses de antecedência, foi postergado para evitar desgastes nas urnas.

Sessions, nomeado pelo próprio presidente no início de seu mandato, em 2017, se tornou alvo de ataques do dirigente por não ter interrompido as investigações sobre a interferência russa a favor do então candidato republicano nas eleições presidenciais de 2016, abrindo caminho para a nomeação do procurador especial Robert Mueller para o caso.

Em diversas ocasiões, Trump se disse arrependido por ter indicado Sessions, mas o manteve no cargo por conta do risco de sua demissão ser interpretada como obstrução de justiça, um fantasma que o assombra desde a exoneração do ex-diretor do FBI James Comey. Na sua carta de renúncia, o procurador-geral justifica sua decisão com um pedido do presidente. Ele será substituído interinamente pelo seu vice, Matthew G. Whitaker, que, assim como Trump, já classificou os inquéritos de Mueller como uma “caça às bruxas”.