As eleições de meio mandato, realizadas ontem nos Estados Unidos, tiveram altos índices de participação em vários estados americanos, contrariando a média histórica de baixo comparecimento às urnas fora das disputas presidenciais. As últimas seções eleitorais devem ser fechadas às 4h da manhã de terça-feira (horário de Brasília) no Alasca, encerrando uma maratona que deve devolver ao Partido Democrata o controle da Câmara dos Representantes e manter os republicanos à frente do Senado, segundo projeções da imprensa americana.
De acordo com a “CNN”, seis senadores democratas conseguiram garantir a reeleição. O senador independente e progressista Bernie Sanders também renovou seu mandato sem maiores dificuldades. O partido de oposição ao presidente Donald Trump garantiu vitórias em distritos considerados decisivos na costa leste americana e em estados da região central do país.
Em jogo estão todas as 435 cadeiras da Câmara dos Representantes, 35 vagas no Senado e 36 governos estaduais. Mais de 38 milhões de eleitores aderiram ao voto antecipado, uma alternativa oferecida por autoridades eleitorais de vários estados americanos. O número representa um crescimento de 40% em relação às últimas eleições de meio período nos EUA, também chamadas de “midterms”, em 2014. No universo total de votos naquele ano, a abstenção foi de 63,6%, enquanto o índice foi consideravelmente menor na eleição presidencial de 2016: 44,3%.
As longas filas de eleitores em todo o país, apesar de condições climáticas ruins em várias regiões, deram fim à campanha eleitoral virulenta e cercada de episódios violentos, como as cartas bombas enviadas a autoridades democratas, o tiroteio em uma sinagoga da Pensilvânia e as mobilizações militares contra as caravanas de imigrantes da América Central. Celebridades como Beyoncé e Oprah Winfrey e o ex-presidente Barack Obama tiveram papel ativo na campanha.
O dirigente americano, Donald Trump, abraçou o período eleitoral como uma espécie de candidatura à reeleição antecipada. Para a maioria dos americanos, as midterms de 2018 assumiram a função de referendo sobre o governo do republicano, e esse clima dominou as seções eleitorais. “Não estou de acordo com as ações do presidente. Não sei se está realmente prestando contas. Os republicanos controlam a Câmara de Representantes e o Senado”, declarou à Agência AFP Andrew Menck, que se declara independente.
Eleitores de Trump também marcaram presença nas urnas, embora o voto não seja obrigatório. “Os democratas enlouqueceram. Ouvi dizer que querem dar o direito de votar aos imigrantes em situação ilegal”, afirmou um eleitor aposentado que se identificou apenas como Jerry, em referência a um boato disseminado nas redes sociais. Aos 64 anos, é a primeira vez que ele votou em uma eleição de meio mandato.
Em alguns estados, o engajamento apesar da espera foi justificado pela esperança política. “Eu queria muito votar na primeira governadora afro-americana”, afirmou Lia Koski, que votou em Stacy Abrams, candidata ao governo da Georgia pelo Partido Democrata, primeira mulher negra a disputar um cargo executivo estadual nos EUA.
A líder da minoria democrata e ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, se mostrou certa da vitória do partido nas eleições. “Me sinto confiante de que vamos vencer. A questão agora é o tamanho da vitória”, declarou ontem a deputada. Já Trump passou o dia fazendo campanha para candidatos republicanos no Twitter.
O horário de votação foi estendido em alguns estados, como Georgia e Tennessee, por conta de problemas com urnas eletrônicas. Em alguns casos, elas chegaram a ser substituídas por cédulas de papel.