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Anistia Internacional: Nicarágua cometeu violações graves durante "operação limpeza"

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As autoridades da Nicarágua "cometeram violações graves dos direitos humanos" durante a chamada "operação limpeza" destinada a eliminar barricadas, afirma a Anistia Internacional (AI).

Em um relatório publicado nesta quinta-feira, a ONG de defesa dos direitos humanos destaca que o governo do presidente Daniel Ortega "intensificou a estratégia de repressão" contra os manifestantes durante a "operação limpeza", iniciada para retomar o controle de cidades e estradas que estavam nas mãos dos manifestantes.

A AI cita no relatório "torturas, detenções arbitrárias e o uso generalizado e indiscriminado de força letal por parte da polícia e de forças parapoliciais fortemente armadas".

"As autoridades nicaraguenses devem desmantelar e desarmar imediatamente todas as forças parapoliciais e garantir que a polícia use a força apenas de maneira legítima, proporcional e necessária", destacou Erika Guevara Rosas, diretora para as Américas da Anistia Internacional.

"Ao invés de criminalizar os que protestam, chamando estas pessoas de 'terroristas' e de 'golpistas', o presidente Ortega deve garantir os direitos das pessoas à reunião pacífica e à liberdade de expressão", completou.

O relatório documenta seis possíveis execuções extrajudiciais, que constituem crimes no direito internacional.

Uma delas foi a de Leyting Chavarría, de 16 anos, que morreu na cidade de Jinotega (norte). "De acordo com testemunhas, um policial matou Chavarría, que levava apenas um estilingue", afirma a ONG.

A Anistia também cita o caso Faber López, um policial antidistúrbios que "supostamente morreu nas mãos de agentes".

"Embora o governo tenha atribuído sua morte a 'terroristas', a família afirmou que o corpo não tinha ferimentos de bala, e sim mostrava sinais de tortura. Um dia antes de sua morte, López ligou para a família para dizer que pediria demissão e que se não entrasse em contato no dia seguinte seria porque seus colegas o haviam matado", destaca a AI.

Os protestos na Nicarágua começaram em 18 de abril contra um projeto de reforma da Previdência, mas foram ampliados para grandes manifestações, reprimidas com violência pelo governo. A crise motivou pedidos de renúncia de Ortega.

Até 24 de agosto, pelo menos 322 pessoas morreram, em sua maioria em ações de agentes do Estado, e mais de 2.000 ficaram feridas, afirma a AI. Entre as vítimas fatais estavam 21 policiais.

meb/mb/fp