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Afeganistão organiza terceira eleição legislativa desde a invasão de 2001

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O Afeganistão organiza no sábado, com três anos de atraso, as terceiras eleições legislativas do país desde a invasão americana em 2001, um pleito marcado pela violência, o assassinato de 10 candidatos e que não terá a participação de milhões de eleitores.

Desde a invasão de 2001, que acabou com o regime dos talibãs, o Afeganistão escolheu deputados em 2005 e em 2010.

As eleições legislativas são consideradas um teste antes da eleição presidencial prevista para abril.

O pleito legislativo foi marcado para abril, adiado para julho e finalmente para outubro, a data limite.

A organização parece caótica e precipitada. As autoridades têm dificuldades para encontrar fiscais e para distribuir o material eleitoral nos mais de 5.000 locais de votação.

Um novo adiamento não é uma opção, afirmou a Comissão Eleitoral Independente (CEI).

"Em algumas províncias já está nevando e o tempo esfria. Se voltarmos a adiar por uma semana, significará que não a eleição não acontecerá", declarou Sayed Hafizullah Hashimi, porta-voz da CEI.

Analistas projetam uma participação muito abaixo dos 8,9 milhões de eleitores registrados.

As ameaças e atentados cometidos pelos talibãs e pelo grupo Estado Islâmico (EI) podem convencer muitos eleitores a permanecer em suas casas, apesar do enorme dispositivo de segurança: 54.000 agentes das forças de segurança serão mobilizados.

Dez candidatos foram assassinados durante a campanha.

A credibilidade do voto também é objeto de dúvidas: muitos casos de registros múltiplos de eleitores foram detectados.

De acordo com a ONG Afghan Analyst Network (AAN), o número de eleitores registrados apenas na província de Paktia (leste) representa 141% da população habilitada a votar.

"Muitas pessoas me falaram que não devem votar, algumas nem se registraram. Muitas afirmaram que gostariam de votar se tivessem certeza de que as eleições são imparciais", declarou à AFP Thomas Ruttig, diretor da AAN.

"Não é que os afegãos estão cansados da democracia. Estão fartos deste tipo de pseudo-democracia", explicou.

Para aumentar a confusão, a implementação no último momento de um sistema de controle biométrico dos eleitores - inédito no país - ameaça multiplicar as possibilidades de fraude, e inclusive de fracasso do processo.

A CEI tenta distribuir a tempo os 22.000 terminais portáteis. Muitas pessoas não receberam treinamento para usar o equipamento.

Embora a legislação afegã não exija o uso da verificação biométrica, os votos sem este tipo de checagem não serão contabilizados, decidiu a CEI.

"O uso da tecnologia pode contribuir para a transparência, mas também pode criar confusão se não for utilizada corretamente", afirmou à AFP Naeem Ayubzada, diretora da Fundação para Eleições Transparentes no Afeganistão.

Mais de 2.500 candidatos disputam as 249 cadeiras no Parlamento. Em sua maioria são políticos já eleitos, descendentes de líderes guerrilheiros, empresários ou membros da sociedade civil.

As legislativas são consideradas uma etapa crucial antes de uma reunião da ONU em Genebra em novembro, na qual o Afeganistão terá que demonstrar os avanços do "processo democrático".

A comunidade internacional, liderada pela Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA), apoiou os organizadores e dirigentes políticos afegãos. Mas a expectativa diminuiu sobre um resultado confiável.

"Tentamos tornar uma situação frágil em algo menos complicado", declarou, incomodado, um diplomata ocidental à AFP.

emh-amj/lab/ahe/plh/pa/zm/fp