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Nasce um colunista

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Pode parecer esquisito. Mas devo minha relação com o Informe JB a Edir Macedo e um grupo de bispos da Igreja Universal do Reino de Deus. Corriam os anos 90 e um video obteve imensa repercussão mostrando os integrantes da igreja dividindo verdadeiras montanhas de dinheiro. Naquela época, uma das grandes tradições do Informe JB era a última linha do “Lance Livre”, sempre uma frase curta que brincava com algum fato rumoroso do momento. Era apenas um foca, apelido dos estagiários, que sonhava em um dia trabalhar na coluna que tinha como DNA um composto fascinante de elegância, bom gosto e sofisticação, tornando-a a mais importante coluna de notas políticas do país. Naquele dia me enchi de coragem, entrei na sala do editor, Mauricio Dias, e sugeri uma última linha para aquela edição; “eu sou o seu pastor e nada me faltará”. Foi um baita sucesso. Dia seguinte estava integrado à equipe e começava modesta carreira de escritor de poucas palavras que circulou por algumas das principais redações do Brasil.

O começo 

O Informe JB surgiu em 9 de março de 1965, na Página 10. substituindo a “Segunda Seção”, então um dos espaços mais valorizados do jornal, criada em 1963 por Wilson Figueiredo, uma das lendas vivas do jornalismo brasileiro. “A idéia era arejar o gênero e consolidar uma área socialmente ampla, de gente com  repercussão no nível político dos interessados em opiniões e indiscrições”, conta Figueiró. 

A ironia do nome 

O primeiro titular do Informe JB foi um jornalista de inteligência mordaz e texto brilhante chamado Pedro Gomes. Já o nome da coluna, idéia do então editor-chefe  Alberto Dines, foi uma ironia com  o serviço secreto do Exército. “Informe” remete a algo incerto. 

DNA de colunistas 

Antes o espaço, chamado “JB em Sociedade”,  era assinado por Pedro Müller, primo de outra lenda da imprensa nacional: Maneco Muller, o Jacinto de Thormes. 

Time de craques 

Entre os titulares do Informe fi guraram alguns dos maiores jornalistas brasileiros. São nomes como Walter Fontoura, Elio Gaspari, Ancelmo Gois, Marcelo Pontes, Mauricio Dias e Ricardo Boechat. 

Segredo do sucesso 

Há quem garanta que talvez o maior motivo do sucesso do Informe JB foi jamais ter sido editado em Brasília. Apesar de ser formalmente uma coluna de política, vários de seus grandes “furos” trataram de assuntos que nada tinham a ver com a cobertura da “corte” brasiliense com seus “líderes”, lobistas e juízes vestidos em trajes medievais.

O revéillon de 96 

Outro exemplo dos grandes furos do Informe JB foi o famoso “réveillon do Paulinho da Viola” em 1996. A Prefeitura resolvera fazer um megashow de réveillon na praia de Copacabana. Um evento para botar pra quebrar, juntando no mesmo palco Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Milton Nascimento, Paulinho da Viola  e Chico Buarque. Dias antes porém, Mauricio Dias escreveu que todos os artistas receberiam um cachê de R$ 100 mil. Menos Paulinho, que levaria apenas R$ 30 mil. A diferença gerou uma polêmica que durou semanas.

Surge um padrão 

Diversas vezes, vários designers tentaram mudar a  premiada diagramação do JB, criada por Amilcar de Castro, nos anos 50. E o Informe era alvo constante. Um deles sugeriu ao dono do JB, M. F. do Nascimento Brito, fazer um Informe JB na horizontal. Dr. Brito, recusou secamente: “Coluna é coluna. O sentido, por isto, é vertical”, decretou. O modelo acabou descaradamente copiado por vários dos principais jornais do país.

LANCE LIVRE

• A partir de amanhã teremos novas histórias, divertidas, curiosas ou transformadoras nesta mesma coluna, em novo formato. Lembrando que em colunismo, o titular apenas assina o espaço. Quem efetivamente faz a coluna são os amigos.  Conversaremos muito nos próximos dias.