Está lá no Dicionário Aurélio a definição para papa: "O sucessor de São Pedro na chefia da Igreja Católica; Pontífice Romano; Sumo Pontífice; Pontífice. Profissional ou teórico de grande prestígio, considerado infalível". Há exatos seis dias, a fumaça branca saiu da chaminé da Capela Sistina, no Vaticano, anunciando que o mundo católico tinha um novo papa, o argentino Jorge Mario Bergoglio. Desde então, o papa Francisco domina as redações de todo o mundo, a TV, a internet, as revistas e jornais. Todos querem acompanhar os primeiros passos do pontífice.
Como editores de moda e stylists de Norte a Sul do país estão mergulhados na São Paulo Fashion Week, que começou ontem, no prédio da Bienal, no Ibirapuera, na capital paulistana - evento que contou até com a presença do governador Geraldo Alckmin -, aproveitamos o desfile da grife Forum, que conseguiu relacionar as obras do 'papa' das artes plásticas Pablo Picasso (1881-1973) ao minimalismo, com recortes estratégicos, anquinhas drapeadas, meias-saias de pregas e muita assimetria, para conversar com especialistas e saber quem eles elegem como papa ou papisa do mundo da moda. Os nomes de Karl Lagerfeld, o kaiser da moda, e o de Miuccia Prada foram os mais citados.
"Assim como o papa, a Miuccia consegue influenciar, de forma mais intensa ou discreta, todo o mundo, até aqueles que não gostam de seu trabalho. O papa é uma figura que parou o mundo e ela também consegue fazer isso na moda", disse Vivian Whiteman, editora de moda da Folha de São Paulo, que faz coro com Jorge Wakabara, editor do site de Lilian Pacce. "O que a Miuccia faz hoje em dia não é apenas um desfile, ela faz comentários sobre a sociedade em cada apresentação. Transcende o que todo mundo faz e gera desejo por isso", defende Jorge.
Páreo para a torcida de Miuccia, só os groupies de Karl Lagerfeld, o estilista que está presente nesta edição da São Paulo Fashion Week através da coleção que acabou de lançar em parceria com a Melissa. "Karl é o kaiser, né? É incrível a capacidade dele de ser onipresente", comenta Sylvain Justum, editor de moda da Harper's Bazaar."Karl é o último de uma geração. Continua produzindo e não pensa em parar. O entrevistei há cerca de um mês em Paris, conversamos por horas! Ele é uma pessoa incrível, divertida, educada e não fugiu de nenhuma pergunta", elogiou Mário Mendes.
Trazendo a eleição para os candidatos nacionais, Erika Palomino, publisher da L'Officiel, não titubeou em escolher seu papa, ou melhor, sua papisa. "Sem dúvida é a Costanza Pascolato. Mas ela é do bem, tem ideias progressistas, de vanguarda e não tem nada de caretice", disse. Já Costanza preferiu não se comprometer. "Não podemos ter uma unanimidade neste meio, é difícil escolher uma pessoa só. Se nem Madonna e Michael Jackson são unanimidade, você imagina no mundo da moda", afirma a empresária, jornalista e editora do site que leva o seu nome, lançado na semana passada.
Os outros dois candidatos tupiniquins são destemidos e usam a moda como ferramenta para jamais serem esquecidos. "Dudu Bertholini é o meu papa! Ele tem a mente solta e fluida, mas, por detrás dessa liberdade, está um embasamento teórico enorme. Não tem nada de loucura", esclarece Adriana Yoshida, editora da revista Claudia Online. Ao lado do rei dos caftans, o rei das saias masculinas em terras brasileiras. "Eu acho o papa Francisco bem fashionista, já que ele está abusando da monocromia e dá destaque para os ombros em seus trajes, mas o Flávio de Carvalho foi um papa para a moda brasileira. Na década de 50, ele caminhou de saia pelo centro de São Paulo. Uma revolução", relembra o consultor de imagem Arlindo Grund, apresentador do programa de TV Esquadrão da moda.