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'JB' seleciona os melhores e os piores filmes do Festival do Rio 2011 

O que vale a pena torcer para entrar no circuito e o que deve passar longe

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O Festival do Rio 2011 termina nesta quinta-feira (20) e já deixa saudades nos cinéfilos de plantão que tomaram a cidade nas últimas semanas.

O Jornal do Brasil acompanhou as exibições mais esperadas - e até as nem tanto - e, agora, traz os filmes que mais fizeram sucesso e, é claro, aqueles que poderiam ter se perdido à caminho das salas de cinema cariocas.

O que agradou


A pele que habito Ao contar a história de um cirurgião plástico que, depois a morte da esposa, passa a buscar uma pele perfeita que poderia tê-la salvado, Almodóvar mistura com perfeição os gêneros do cinema. Com uma trama repleta de reviravoltas, o diretor mantém as emoções do espectador suspensas, sempre na expectativa da próxima cena. Assim, o espanhol prova mais uma vez porque é um dos cineastas mais aclamados do mundo.

Terraferma Com uma severa crítica à xenofobia e ao modo com que as autoridades vêm tratando a imigração ilegal, Terraferma surpreende em qualidade e inteligência. Contando a história dos Pucillo, a trama passa da ironização do turismo de massa ao inquietante dilema vivido pela família quando uma africana grávida chega à ilha onde moram, o diretor italiano Emanuele Crialese expõe o quando pode ser cruel sob a tutela da lei.

Drive - Depois de longa espera - pelo filme e pela aparição do galã Ryan Gosling - a trama à la anos 80 de Nicolas Winding chegou ao Festival do Rio respondendo a todas as expectativas. O protagonista Driver, divido entre os trabalhos de mecânico, dublê em filmes de ação e motorista de assaltantes nas horas vagas, acaba se envolvendo em um esquema da máfia. Tentando proteger a mulher que ama, Driver inicia uma caçada violenta aos criminosos, com direito a cabeças explodindo ao som de uma trilha sonora bem incomum.

Aqui é o meu lugar - Do diretor italiano Polo Sorrentino, esse filme apresenta uma das reviravoltas mais impressionantes do Festival. Começando a retratar a rotina de um ex-rock star decadente, que, aos 50 anos, ainda usa maquiagem e roupas góticas, a trama se transforma ao focar na perseguição a um oficial nazista da Segunda Guerra Mundial. Sean Penn destaca-se pela delicadeza e profundidade que confere ao papel de protagonista, o qual assume com perfeição, tornando a história ainda melhor.

O levante - Quando uma adorável enfermeira de um asilo sai de férias e deixa o filho em seu lugar, os problemas começam. O rapaz logo se torna um desafeto dos velhinhos e, mesmo com a excitação trazida por notícias de que existiria um clone adulto de Jesus Cristo, decide privar os aposentados da televisão. Quando o Criador contrai Aids para ajudar a namorada, a vontade de ajudar provoca uma revolução dos idosos. Com atores competentíssimos, a trama meio maluca não deixa se perder, conseguindo arrancar aplausos da plateia.

Red state - Definitivamente imperdível para os amantes de filmes de terror, apesar de não exatamente do gênero. O diretor Kevin Smith conta a história de três jovens que são atraídos para a sede de uma igreja extremista, onde são torturados e perseguidos. Mais que uma trama de horror, contudo, Red state é um perspicaz relato sobre o preconceito e a intolerância dentro da sociedade americana, em muito beneficiado pela excelente atuação de Michael Parks no papel do assustador pastor Abin Cooper.

Inquietos Delicadeza é uma das principais características do longa do diretor Gus Van Sant.  A trama conta a história de Annabel (Mia Wasikowska), uma jovem com câncer terminal que possui uma atitude positiva em relação à vida e Enoch (Henry Hooper), um adolescente que não superou a morte dos pais. Os dois se encontram em um velório, e iniciam assim uma bonita trajetória que pretende fazer valer os últimos dias da jovem. Com imagens e atuações excelentes, não por acaso o filme era um dos mais esperados do Festival.

As canções - Eduardo Coutinho faz um recorte na vida de pessoas que tiveram alguma trilha sonora marcante. Despertando memórias guardadas, o diretor conduz com maestria uma fórmula acertada. O resultado é uma obra prima na qual Coutinho percebe, em nosso tempo, a necessidade de expor nossas vidas o tempo inteiro, seja através das redes sociais, vídeos de youtube ou no cinema.

O que desagradou

Chapeuzinho vermelho do inferno - Do diretor Jorge Molina, essa nova interpretação do conto de Charles Perrault é de puro mau gosto. Para os estômagos menos fortes, fica difícil aguentar as constantes cenas de sexo, estupro e sangue. Sem uma história que convença ou que pareça ter algum propósito, Chapeuzinho... é o típico filme em que a violência torna-se totalmente gratuita. É uma trama que tenta, o tempo todo, chocar o espectador, simplesmente por chocar.

O fim do silêncio - O grande erro do filme de Roland Edzard é que não há fim, início ou meio do silêncio, é barulho o tempo todo. Além disso, a falta de uma razão dramatúrgica para o tipo de ação desenvolvido no longa impede que haja uma verdadeira intensidade dramática. Apesar de lançar bons efeitos estéticos, o filme não investe no sentimento dos personagens o que se transforma em um erro fatal.

Amanhã nunca mais - Nem Lázaro Ramos conseguiu salvar o longa de Tadeu Jungle dos clichês. Na nova produção, Walter (Lázaro) tem um grande problema: não conseguir dizer não. Por causa disso vai ser difícil conseguir chegar na hora no aniversário de sua filha e levar o tão esperado bolo. Único destaque do filme vai para Maria Luiza Mendonça, que, apesar de interpretar uma personagem chata, até que se sai bem como tarada sem-noção.

Paz, amor e muito mais - Outro filme brasileiro que deu um longo passeio nos clichês e no estilo novelístico foi a trama de Bruce Beresford. Diane é uma advogada que vive em Nova York e há 20 anos não fala com sua mãe, Grace. Quando seu marido pede o divórcio, ela decide enfim levar seus dois filhos, Jake e Zoe, para conhecerem a avó. Só que Grace vive como uma hippie em uma fazenda em Woodstock. O problema é que todas as tramas são resolvidas logo de cara e o filme perde toda a graça.

A árvore do amor - O longa de Zhang Yimou foi um dos que decepcionou no Festival do Rio. A expectativa para um dos grandes esperados estava lá no alto e o resultado final não foi la essas coisas. A história de amor entre Jing, uma estudante enviada para uma vila e Sun beira o melodrama. Vale apenas para quem procura uma leve distração e curte tramas em que mocinho e mocinha são separados pelo destino.

Julia Moura e Maria Eduarda Ornellas