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Festival do Rio termina com elogios e reclamações sobre organização

Circuito aumentou, mas com isso cresceram as filas e a dificuldade para conseguir ingressos

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Que o Rio é a cidade dos holofotes, ninguém mais pode duvidar. Terminando nesta quinta-feira, depois da exibição 428 filmes, o Festival do Rio de 2011 provou que pode aguentar estar no centro das atenções. Mas, como todos sabem, "com grande poder, também vem grande responsabilidade". E, assim, o Jornal do Brasil faz um balanço da organização de um dos maiores festivais de cinema do planeta.

Circuito

Com um público de cerca de 280 mil pessoas, a organização do Festival acertou em providenciar mais salas de cinema destinadas exclusivamente a seus filmes. Os acréscimos serviram para dar mais possibilidades aos espectadores, que, neste ano, puderam assistir a filmes no Kinoplex Tijuca, Kinoplex Leblon, Kinoplex Fashion Mall, CCBB, Cinemateca do MAM, Cine SESC Jacarepaguá, Complexo do Alemão, entre outros. Com o aumento do circuito, cresceu também o número de filmes exibidos para o público. De três subiu para quatro centenas, tornando mais fácil encontrar longas para todo tipo de espectador.

Erros e cancelamentos

Muitos cinemas podem se tornar difíceis de administrar. Assim, o Festival ficou marcado por problemas durante algumas sessões. Quando o filme que será exibido chega ao Brasil, ele é testado pela organização, mas isso não impede que falhas específicas ocorram em certas salas. Os longas - alguns esperados, outros nem tanto - Memórias de minhas putas tristes, George Harrison: living in the material world4:44 last day on earthO pequeno polegar Punk na áfrica deram dor de cabeça a quem esperava com expectativa as exibições. Cópias digitais tiveram falha no som e na imagem, forçando adiamentos e até a retirada de um dos filmes, 4:44 last day on earth, do Festival. Na maior parte dos casos, o problema foi resolvido, devolvendo o dinheiro para o público e remarcando as sessões, como ocorreu com o filme sobre George Harrison. A cópia de 4:44 last day on earth rodou apenas no Pavilhão, tendo que ser substituída por Happy happy.

Sucessos de bilheterias

Grande parte dos cinéfilos compareceu em peso às exibições do Festival. Sessões lotadas e ingressos esgotados denunciavam o acerto dos organizadores na hora de selecionar os longas a serem exibidos. O sucesso foi por conta também da escolha de filmes de grandes nomes do cinema como Pedro Almodóvar, Gus Van Sant, Martin Scorsese, Todd Solondz, Asghar Farhadi, entre outros. Mas a demanda por alguns filmes foi tão grande que a decepção em saber que um ingresso ainda não estava disponível era maior ainda. A demora na chegada das cópias atrasou a liberação de muito filmes, o que muitas vezes impossibilitava o público de assistí-los. Alguns longas como Drive só ficaram disponíveis para a compra um dia antes da exibição, deixando muita gente sem ingresso.

Pavilhão

A organização do Festival montou seu centro de operações no Cais do Porto, dentro de um muito bem decorado Armazém 6. Com acesso gratuito, lá aconteceram sessões populares da Première Brasil, debates e coletivas com diretores e artistas. Quem pode conferir o lugar, aproveitou ainda uma bela exposição de figurinos de programas e novelas da TV Globo. Jornalistas e críticos, entretanto, encontram confusão na hora de pegar suas credenciais, distribuídas por funcionários ainda perdidos em meio a quantidade de tarefas. Em uma sala sem ar-condicionado, organizadores procuravam nomes em listas sem ordem alfabética, enquanto uma fila desorganizada tentava se formar.

Filas e desorganização

Quem já se acostumou a assistir a filmes em salas com lugar marcado pode ter estranhado mais uma edição do Festival. Fila para pegar credencial, para comprar ingresso, para assistir o filme. Mas, pior que isso é quando, depois de horas de espera, alguma falha de comunicação impossibilitava que o filme fosse visto. Para jornalistas credenciados como imprensa não era possível adquirir ingressos para o Roxy, sendo que, no verso da credencial, ele era um dos cinemas listados. Na hora de solucionar problemas era tarefa difícil encontrar alguém que passasse a informação correta. Era organização responsabilizando cinema e vice-versa. 

Intercâmbio cultural

Em mais uma edição do Festival do Rio ocorreu um importante intercâmbio cultural. Filmes de 60 países foram exibidos, nos aproximando de novas culturas. E não faltou gringo em filmes estrangeiros e também nos brasileiros. Uma das mostras inéditas na edição, a Foco Itália, homenageou um ano do país no Brasil, trazendo grandes filmes como Aqui é o meu lugar e Terraferma. Todo ano o evento escolhe um país para ser homenageado. E a escoha deste ano foi aplaudida de pé.

Julia Moura e Maria Eduarda Ornellas