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'Drive' quebra expectativas e leva ao Panorama muito mais que simples ação 

Filme rendeu a Nicolas Winding o prêmio de melhor direção no Festival de Cannes

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Chega ao Festival do Rio, depois de longos dias de espera, o longa Drive, de Nicolas Winding. Para quem comemorou quando finalmente garantiu o ingresso para um dos mais aguardados da mostra Panorama de Cinema Mundial, é bom não chegar à sala esperando um longa de ação.

Vencedor do prêmio de melhor direção em Cannes, Drive é mais um exemplo no Festival do Rio de filme que não corresponde às expectativas. O que no caso, é muito bom. 

Dublê de dia, motorista de bandidos à noite e, nas horas vagas, mecânico. Drive traz a história de Driver (original, não?), interpretado pelo ótimo Ryan Gosling (Namorados para sempre). Enquanto trabalha em uma oficina consertando carros, ele é também dublê, pilotando veículos em filmes de ação e, à noite, dirige para ladrões em fuga de assaltos. 

Diante da tranquilidade e frieza do personagem, pode haver certo estranhamento quando ele se apaixona perdidamente por sua vizinha do 408, Irene (Carey Mulligan, também excelente no papel). O sentimento é quase um amor à primeira vista, chega a ser até meio clichê, mas isso não atrapalha a trama.

Apesar de trazer consigo um caráter original, desde o início é possível associar o longa ao espetacular Pulp Fiction: tempo de violência e a Taxi Driver. O estilo retrô lembra os dois longas e, logo na abertura, a semelhança com o segundo fica evidente. Também podemos nos lembrar de Velozes e furiosos, já que, assim como o primeiro, as cenas de corrida de Drive são espetáculo puro. Mas não é a ação que predomina em Drive. Ao contrário.

Em vez de trilhas comuns aos filmes deste gênero, Drive faz diferente e lança uma balada à lá anos 80 que vai agradar a quem aprecia o estilo, mas pode causar certo desconforto. Afinal, a sensação que se tem ao fim dos 100 minutos de projeção é que a mesma música tocou o filme todo. 

Independentemente de Angelo Badalamenti ter ou não acertado na trilha sonora, um aspecto técnico que se destaca no longa, sem dúvida, é a fotografia, de Newton Thomas Sigel, e que reforça o estilo retro-cult. Um ritmo mais lento e movimentos de câmera diferentes daquilo que se espera também valorizam o longa.

A história dramática de Driver, Irene e o marido desta (Oscar Isaac), recém saído na prisão, se esforça muito para sair do morno. E do meio para o fim, isto fica mais evidente. Para piorar ainda mais: cenas explícitas de violência, que acabam saindo um pouco dos trilhos da trama. Por outro lado, é exatamente através dessa violência que o personagem de Gosling consegue dar vazão (finalmente!!!) a suas emoções.

De frio e caladão, Driver torna-se até bem falante, extremamente agressivo e bom de briga. Quem embarcar nesse novo longa vai conferir um personagem bem incomum, que segue em seu Chevy Impala para não ser notado. Claro que vai ser difícil passar desapercebido. Resta saber quem vai aceitar uma carona. E aí, vai encarar?

Cotação: *** (Ótimo)

Panorama do Cinema Mundial - (LEP) - 16 anos

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