As coleções internacionais de verão começaram pelos desfiles dirigidos ao consumo masculino. Por mais que se tenha a impressão que os homens dificilmente abrem mão de bermudões, camisetas, calças confortáveis e outras manias básicas, parece que algo se mover pelo menos nas apresentações das coleções. Depois de lançar Andrej, o modelo que tanto veste roupa de mulher como de homem, Jean-Paul Gaultier reinventa o desfile de show-room. Na moda, este é o tipo de show completamente comercial, sem glamour. Pois Gaultier instalou araras e cabides em volta da plateia sentada em mesas com laptops abertos, como se fossem compradores de lojas (provavelmente, alguns eram). Os rapazes, no entanto, desfilavam com belo styling, apesar de as roupas ostentarem as respectivas etiquetas de tamanho, referencias, etc.
As cores dos homens – próximos das cartelas femininas, os homens devem usar preto e branco em momentos sofisticados; areias e ferrugens no estilo aventureiro e natural; amarelo e verdes-claros na linha fashion e o clássico azul, vermelho e branco do tradicional Navy. Sumiram os azuis, diminuíram os cinzas e verdes fortes. A calça casual é vermelha e ajustada.
O novo terno – Além da eterna proposta do terno-bermuda, visto em Lanvin, com a assinatura de Alber Elbaz e Lucas Ossendrijver, há os brancos e pretos e brancos da Dior, por Kris van Assche, que ousou mostrar a coleção minimalista em tecido barato, tipo morim. Para demonstrar que, se a alfaiataria tem corte perfeito, pode ser feita em qualquer tecido. Na linha Vuitton, dirigida, pensada e dedicada aos milionários que vivem viajando, Kim Jones ficou mais nos clássicos, mas em tecidos ricos. O trench tem a leveza do tafetá de seda, o xadrez é inspirado no padrão masai africano e as gravatas – ah, as gravatas, que não somem jamais – na Louis Vuitton são tecidos com ouro 24k.
Derivados do formal – segundo as tendências seguidas nestas coleções, o estilo masculino deve contrastar o formal com o casual; tecnológico com o natural; o militar e o hippy. Para quem gostaria de saber como ficaria na prática, este homem, indica-se o look da belga Anne Demeulemeester. Ela criou um tipo aventureiro, romântico, meio andarilho, que veste tons naturais de bege e areia. Mas não dispensa um colete extremamente formal no conjunto.
A fantasia ronda o terno de Jean-Paul Gaultier de corte é quase conservador, mas com a estampa de placas de rua parisienses.
Por fim, o eterno mix de Navy e Sargent Pepper, lembrando a Swinging London dos anos 1960. Foi Bill Gaytten, que substitui John Galliano na sua grife masculina (que pertence ao grupo LVMH), quem interpretou bem este espírito, que no Rio já é seguido por Tom Azulay. Calça estreita, camiseta listrada navy e paletó estilo farda, uma combinação roqueira eterna.
Diga-se de passagem que o carioca Tom herdou a atitude, o estilo e os paletós do pai, Simon Azulay.