O Ministério Público da Suíça anunciou nesta quarta-feira
(17) ter encontrado 53 transações bancárias suspeitas em relação à análise de
dados sobre as eleições para as Copas do Mundo de 2018 e 2022.
Segundo o procurador-geral, Michael Lauber, as informações fazem parte de 104 movimentações financeiras fornecidas por bancos que estão colaborando com as investigações sobre a corrupção na Fifa. Pedindo "paciência" para o "mundo do futebol", Lauber ressaltou que o trabalho para descobrir os casos de corrupção está apenas no início e que vai "demorar mais do que os tradicionais 90 minutos".
"Estamos diante de uma investigação complexa, com muitas implicações internacionais. Não seria profissional apresentar, agora, um calendário detalhado de ações", destacou o procurador em entrevista coletiva, ressaltando que tem a sua disposição mais de nove terabytes de material apreendido.
Ao ser questionado se o presidente da entidade, Joseph Blatter, e o secretário-geral, Jérôme Valcke, seriam interrogados pela Procuradoria, o suíço afirmou que "haverá entrevistas formais com todas as pessoas relevantes e, por definição, isso não exclui entrevistar o presidente ou o secretário".
Toda a investigação da Suíça está tendo como base o relatório apresentado pelo norte-americano Michael Garcia, que havia sido contratado pela própria Fifa para investigar as escolhas da Rússia e do Catar. Garcia deixou o Comitê Executivo do órgão no final do ano passado, quando Blatter decidiu que o documento não seria revelado na íntegra.
A Rússia sempre se defendeu dizendo que a escolha de seu país foi realizada de maneira correta - mas reconhece que computadores utilizados pelo Comitê Organizador foram destruídos após a vitória para 2018.
Lauber também destacou que a análise que lidera não tem a
ver com a realizada pela polícia dos Estados Unidos e ressaltou que seu país
não fornecerá "automaticamente" informações sobre o andamento do
processo. No dia 27 de maio, duas ações simultâneas das polícias da Suíça e dos
EUA, culminaram com a apreensão de documentos e computadores da sede da Fifa -
pela primeira - e na prisão de 14 dirigentes e empresários por corrupção - pela
segunda. Entre os presos, está o ex-presidente da Confederação Brasileira de
Futebol (CBF) José Maria Marín.