Ao lado da agente Deborah Martin e do presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, o craque holandês Seedorf, que nesta terça-feira anunciou sua saída do Botafogo para assumir como técnico do Milan, quis falar diversas vezes sobre seu ex-grupo, principalmente das jovens promessas do clube Dória, Gabriel e Jadson. Ainda também agradeceu aos ensinamentos do técnico Oswaldo de Oliveira e da torcida;
“Vou levar muita coisa boa do elenco. Nós tivemos uma relação muito bonita. O Dória estava em cima de mim todos os dias, me marcava até dentro do vestiário. Se ele não se perder em coisas pequenas que têm influências grandes na vida privada, tem uma bela carreira pela frente. O Jadson, o Dória e o Gilberto ficavam fazendo cinquenta perguntas em dois minutos. Isso ajuda a crescer”, disse, aos risos, o jogador, que aproveitou para falar sobre o carinho que tem pelo técnico Oswaldo de Oliveira.
“Aprendi muito com Oswaldo. Conversamos bastante sobre diversas questões. Sempre fui um jogador que tem os olhos abertos, participo bastante em coisas que são atividades do treinador. Minha relação com técnicos sempre foi boa, colaborando sempre. Aprendi muito com ele, é um grande motivador, tem muita paciência e foi fundamental nessa construção do que o Botafogo é hoje. A paciência dele era maior que a minha em certos momentos”, disse.
Em sua passagem pelo Botafogo, Seedorf vestiu a camisa alvinegra em 81 jogos, balançou a rede dos adversários 24 vezes e conquistou o Campeonato Carioca de 2013. Além de ter devolvido o time à Copa Libertadores da América, o que não ocorria há 17 anos. A última partida que disputou pelo Campeonato Brasileiro, contra o Criciúma, em dezembro, foi a que o ex-camisa 10 escolheu como a que marcou sua trajetória em um time brasileiro. O holandês aproveitou para deixar um recado para a torcida alvinegra.
“Não é um adeus. Mais na frente terei condições de dar um abraço na torcida. Agradeço ao carinho durante um ano e meio. Nossa torcida aprendeu o que o Botafogo precisa para ser vencedor. Meu último jogo com o Botafogo, fazendo gol, decisivo, foi maravilhoso. Isso que gostaria de ver sempre daqui para frente. Agradeço ao torcedor e gostaria de fazer isso fisicamente um dia”, disse na despedida.
Aos 37 anos, Seedorf se aposenta das quatro linhas para uma nova fase em sua vida e carreira, a de técnico de futebol do clube que defendeu por dez anos. Ele argumentou que esse é o passo natural na sua carreira de 22 anos.
“Gosto de trabalhar. Acho que vou continuar ajudando na minha missão de vida, que é ajudar a fazer um mundo melhor, não mais como ator no campo, mas treinando esses atores, que são modelos para as crianças. É um passo natural. Uma taça a mais ou a menos não vai mudar minha história. O legado deixado é o mais importante para mim. Tem que ter coragem pra seguir o coração. A cabeça pode tomar decisões erradas, mas o coração dificilmente erra”, falou em um dos poucos momentos de maior emoção em sua despedida.