A seleção britânica feminina de vôlei sentado foi derrotada com facilidade pela Ucrânia por 3 sets a 0 na estreia nos Jogos Paralímpicos de Londres na manhã desta sexta-feira, no Excel. Muito mais importante do que o resultado, no entanto, parecia ser a presença de Martine Wright, jogadora biamputada que perdeu as pernas no atentado terrorista no metrô de Londres em 2005. Ela foi o destaque da manhã, atraindo o prefeito Boris Johnson ao evento e "roubando a cena".
O prefeito chegou ao local com 15 minutos de antecedência. Sentado na arquibancada montada no centro de convenções, acompanhado por membros da organização da Paralimpíada, ele aplaudiu muito Martine Wright, assim como o público - a jogadora foi claramente a mais exaltada. O interesse deve ao fato de a atleta ter tudo a ver com os Jogos Paralímpicos de Londres.
Martine perdeu as pernas na manhã de 7 de julho de 2005. No dia anterior, Londres havia sido confirmada como sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2012, e as comemorações se estenderam até tarde. Atrasada para o trabalho, Martine correu para o metrô e entrou no vagão mais próximo que encontrou, em vez do que habitualmente escolhia. Então, quatro suicida detonaram bombas, matando 52 pessoas.
Ela quase morreu, mas escapou sem sequelas além da amputação das duas pernas. Aprendeu a andar com próteses e resolveu praticar esporte porque sentia falta da competitividade que tinha no trabalho. Depois do atentado, se casou com o namorado de longa data, Nick Wiltshire, e teve um filho. Chegou até a pular de paraquedas em um evento para a caridade. É por fatos como esse que foi adorada nesta manhã.
"Eu estou surpresa (com o apoio da arquibancada). Quer dizer, sou só eu", disse Wright após a partida. "Isso foi muito especial para a equipe. O público hoje (sexta-feira) fez uma diferença enorme na nossa performance. Eu espero que as pessoas peguem algo da minha história, da minha jornada, e usem como inspiração. Então eu continuo seguindo e seguindo", continuou a jogadora.
Martine Wright passou a maior parte do tempo fora de quadra no Excel, mesmo assim gritando muito para as companheiras. Entrou em quadra pela primeira vez no último ponto do segundo set, vencido por 24/20 pela Ucrânia. Essa foi a única parcial em que as britânicas almejaram ameaçar o predomínio ucraniano: o primeiro set terminou 25/9, e o terceiro, 25/14. Neste, o destaque da partida pôde jogar um pouco mais, durante 23 pontos.
"Absolutamente incrível. Obviamente nós estivemos treinando duro pelos últimos dois anos e meio, e finalmente entrar naquela quadra e representar o meu país no esporte que amo foi um sonho tornado realidade", exaltou Martine, que ganhou duas faixas com seu nome nas arquibancadas ¿ uma delas com a mensagem "Go girl" (vai, garota). Da quadra, conseguia ouvir o filho gritando "vai mamãe, vai".
"Uma das minhas motivações é a de que eu acredito que eu deveria seguir essa jornada, e é isso que motiva minha família. É um esporte que eu absolutamente amo e que me proporcionou tanta coisa. Então se eu puder inspirar as pessoas, sendo elas deficientes ou não, eu trabalho está completo", complementou Martine Wright. Nesta sexta-feira, sua equipe não venceu, mas seu objetivo foi atingido.