O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Londres vai ignorar a onda recente de protestos contra uma das patrocinadoras do Estádio Olímpico, mantendo assim o acordo para a realização do evento. De acordo com o jornal The Guardian, o chefe executivo do órgão, Paul Deighton, reafirmou que o acordo de 7 milhões de libras (R$ 19 milhões) com a Dow Chemical não será cancelado por conta da pressão pública.
A empresa de componentes químicos é dona da Union Carbide, fabricante de pesticida que em 1984 foi responsável por um dos maiores acidentes químicos da história. Vazamento de gases tóxicos em Bhopal, na Índia, causou a morte de cerca de 25 mil pessoas. Órgãos como a Anistia Internacional têm cobrado o fim da relação de patrocínio. Na terça-feira, Meredith Alexander, um dos membros do comitê de ética do Comitê Organizador, pediu demissão motivada pela questão.
Deighton se limitou a elogiar a transparência que os organizadores têm dado ao caso, mas não indicou mudanças. "É um direito dela (Meredith Alexander) se manifestar sobre como se sente quanto às vítimas do acidente de Bhopal. Nós temos total respeito por ela. Ela é uma das 12 pessoas que se demitiram em meio ao processo de escolha da Dow como patrocinadora. Mas nós seguimos em frente", disse.
Já Shawn McCarthy, presidente da comissão de sustentabilidade dos Jogos, afirmou o processo de escolha da Dow como patrocinadora foi condizente com os parâmetros colocados pelo órgão. "Nós precisamos de uma solução, não um motim", disse o dirigente, admitindo que a questão pode criar uma "sombra" negativa sobre o evento por conta das acusações de violação dos direitos humanos.
"A Dow Chemicals precisa entender a seriedade com a qual as pessoas encaram a situação que permaneceu em Bophal após o desastre de 1984. Vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para garantir que essa questão não ofusque os Jogos. Ainda há tempo para encontrar uma solução", apontou Shawn McCarthy. A empresa acusada ainda não se pronunciou sobre o caso.