ASSINE
search button

Rei do 1 a 0, Americana não se importa em liderar sem espetáculo

Compartilhar

A transformação de Guaratinguetá para Americana foi além dos 290 km, distância entre as cidades. A equipe paulista ganhou as cores imponentes dos Estados Unidos (azul, vermelho e branco). Com esta camisa, o técnico Toninho Cecílio comanda um dos líderes da Série B do Campeonato Brasileiro. Com 17 pontos somados, descarta a badalação dada à Portuguesa e à Ponte Preta, que estão à frente pelo saldo de gols. O time não aplica goleadas. Das cinco vitórias, quatro foram por 1 a 0.

Portuguesa, Ponte, Vitória, Sport, Paraná e Goiás surgem como favoritos ao acesso. Os dois primeiros, com 25 e 18 gols marcados em oito jogos, respectivamente, são visados pelos adversários pelas goleadas aplicadas, muitas de quatro ou cinco gols.

"O Americana joga pelo resultado. Parabenizo estas equipes, inclusive o Jorginho (técnico da Portuguesa), mas nosso time não dá espetáculo. Somos pragmáticos. Se me perguntar, prefiro pontos a saldo de gols. Isso só servirá nas últimas rodadas. O objetivo nosso tem sido alcançado com um elenco forte, equilibrado, chamado de azarão", disse Toninho Cecílio ao Terra.

Dos 17 pontos, o Americana conquistou 12 deles pelo placar simples. Barueri, Salgueiro, São Caetano e Paraná sofreram apenas um gol. A sequência é similar a da Espanha, campeã do mundo com vitórias por 1 a 0 nos quatro jogos eliminatórios (Portugal, Paraguai, Alemanha e Holanda), das oitavas à final da Copa da África do Sul. Coincidências à parte, Toninho ignora os baixos placares e fala sobre a postura tática.

"Os números de gols da Portuguesa e da Ponte pouco servem de parâmetro. Não é a realidade de uma Série B. Claro que são equipes muito fortes. Mas jogamos com três atacantes (André Luiz, Marcinho e Dodô) e criamos muitas chances. O Americana tem um estilo agressivo e sempre fui um técnico adepto do futebol competitivo. Espero que os jogadores mantenham o time nesta boa fase", completou o técnico, que deposita suas fichas na experiência de jogadores como o lateral direito Paulo Sérgio, o meia Fumagalli e o atacante Dodô.

Experiência em mudanças

Não é a primeira vez que Toninho Cecílio treina uma equipe que muda de cidade. Em 2010, viveu algo inusitado no futebol brasileiro. O ex-jogador e dirigente comandou o Grêmio Prudente, que havia deixado Barueri para disputar o Campeonato Paulista e a elite do Brasileiro.

Com o time, sofreu com as mudanças, as críticas da mídia e da torcida. Mesmo assim, entrou para a história ao ser semifinalista do maior torneio estadual do país.

"Serviu de experiência. A cidade de Americana também nos recebeu muito bem e as questões desta mudança fora de campo não podem chegar aos jogadores. Hoje, o Americana tem salários e premiações em dia, uma equipe de profissionais qualificada, com fisiologistas e até nutricionista, tudo com profissionalismo oferecido pela diretoria", afirmou o técnico, que começou a carreira, curiosamente, no Americana, ou melhor, no antigo Guaratinguetá, em 2007.

"Nossa única dificuldade é a falta de um CT. Treinamos no nosso campo (Décio Vitta, dividido com o Rio Branco, time da Série A-2 do Paulista) e em um outro gramado. Mas todos aqui sabem da realidade, entendem e sabem que aqui a oportunidade de vencer existe. Estamos provando isto", concluiu.

O Americana volta a campo nesta sexta-feira, às 19h30, em Bragança Paulista, contra o penúltimo colocado, o Bragantino. A esperança no ataque é Dodô, autor de quatro dos dez gols marcados pela equipe na competição - Ricardo de Jesus, da Ponte Preta, é o artilheiro da Série B com nove tentos.

Seja por 1 a 0 ou por 2 a 1, como na vitória fora de casa sobre o Guarani, exceção até agora, o Americana quer permanecer com o rótulo de "azarão" e, assim, conquistar o acesso para a elite do futebol brasileiro