SÃO PAULO - O racha no Clube dos 13 por conta da negociação pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro no triênio de 2012 a 2014 pode criar uma situação inusitada no país: se dois clubes acertarem acordo com empresas distintas, os duelos entre ambos simplesmente não seriam televisionados. Essa hipótese já gera preocupação entre os atletas, temerosos por uma possível falta de exposição.
"A exposição em TV é sempre importante para os jogadores, clubes, patrocinadores e todos os envolvidos. Para valorizar o esporte sempre é bom a TV estar do nosso lado", disse o atacante Rafael Sóbis, do Internacional. "Nunca passei por esta situação. Em alguns países a repercussão da TV é menor que no Brasil, e para nós tem sido importante essa exposição do campeonato".
O lateral direito Cicinho, destaque do Palmeiras no início de 2011, também se preocupa com a possibilidade de não poder ser filmado durante as partidas. "Acho que todos gostam de aparecer na televisão, ainda mais eu, que estou começando em um time grande. Quero que meus amigos me vejam, admirem meu futebol. É bom até pela torcida, aqueles que moram longe. Tem que passar na TV, sim", defendeu.
A cisão na entidade começou com o Corinthians, que julgou que poderia conseguir mais dinheiro negociando de forma independente. Flamengo, Fluminense, Botafogo, Vasco, Coritiba, Grêmio e Cruzeiro seguiram o mesmo caminho, apesar do fato de a concorrência pelos direitos de transmissão já ter sido aberta pelo Clube dos 13 - os envelopes com as propostas serão revelados no dia 11 de março.
A Globo, atual detentora dos direitos de transmissão do Brasileiro e que teria ágio de 10% na licitação por ter maior alcance e audiência, já anunciou que vai discutir valores com os clubes de forma separada, decisão que desagradou o Clube dos 13. A possibilidade de dissidentes e membros da entidade fecharem acordo com redes distintas de televisão é cada vez maior.
Nem todos os atletas estão preocupados, no entanto. "É claro que é importante que os jogos sejam televisionados. Mas, caso esses problemas continuem, temos que seguir lutando para desempenhar um bom futebol e fazer um bom trabalho", disse Paulinho, volante do Corinthians, um dos clubes com maior potencial de mídia do país e que já se reuniu com a Record, uma das redes interessadas.
Enquanto dirigentes se movimentam nos bastidores para tratar do racha, os jogadores preferem se manter distante das discussões envolvendo o Clube dos 13 e as agremiações. O possível fim da entidade que congrega os principais clubes do país e até a criação de uma nova liga ainda não foram comentados por nenhum atleta.
"A gente tem é que treinar. Esse racha no Clube dos 13, por enquanto, não nos afeta. Isso tem que ser resolvido pela diretoria", apontou o zagueiro Sorondo, do Internacional. No Corinthians, clube que iniciou a discussão, Paulinho não ousa contestar as atitudes do presidente Andrés Sanches: "Nosso assunto é o jogo que vem pela frente. De resto, não chegou nada até a gente".