A rivalidade entre africanas e brasileiras ultrapassou os limites da pista às vésperas da Corrida de São Silvestre. Nesta quinta-feira, um dia antes da tradicional prova que marca o encerramento do calendário nacional, a brasileira Marily dos Santos, terceira colocada nos últimos dois anos, reclamou veementemente das atitudes das rivais, especialmente das etíopes - o país terá apenas Zerf Worku Boku no evento paulista.
"Não quero criar polêmica, mas fico incomodada com algumas coisas. Por exemplo, elas (etíopes) já pisaram no meu calcanhar, cuspiram em mim. Quando pedi para se afastarem, ficaram rindo de mim. Pô, meu óculos é a prova d'água, não de catarro. Fico muito incomodada, mas prometo ignorar as cusparadas amanhã (sexta-feira)", reclamou a melhor brasileira nos últimos dois anos de São Silvestre.
Ao reclamar das africanas, Marily causou certo constrangimento na entrevista coletiva desta quinta-feira, em São Paulo. Entretanto, rapidamente, o técnico e marido da competidora, Gilmário Mendes, pegou o microfone para esclarecer o alvo do discurso da brasileira, evitando um mal estar com as quenianas.
"As quenianas são leais, mas as etíopes parecem os argentinos no futebol. Se a Marily fosse jogadora de futebol, elas seriam facilmente expulsas. As que vieram ao Brasil agiram deslealmente. Na São Silvestre, a estratégia é se afastar da étíope", amenizou o treinador.
Em contrapartida a Marily, Marizete Resende, uma das mais experientes na prova desta sexta-feira, direcionou suas reclamações às quenianas. "Elas só querem correr para ganhar, não pensam em tempo. Uma atleta não deve fazer isso em uma prova de 15 km. Ficam nos marcando. Um bom atleta larga bem e dá todo o seu 100% desde o início", discursou.
Além da etíope, outras três quenianas aparecem como favoritas para a prova paulista. Campeã da São Silvestre em 2007, Alice Timbilili é a principal representante do país em São Paulo. Também surgem como postulantes ao pódio Eunice Kirwa e Bornes Kitur, estreantes no tradicional evento que encerra o calendário do pedestrianismo brasileiro.