Portal Terra
S O PAULO - Definitivamente, não foi a janela de transferências da gastança. Agentes brasileiros, sedentos por negociações, entraram em desespero, tamanha a discrição dos clubes europeus na hora de pôr a mão no bolso. Até mesmo o Real Madrid gastou abaixo de sua média, tornando o bilionário Manchester City a grande exceção do período.
O clube inglês foi responsável por quatro das cinco maiores compras entre equipes europeias na janela de transferências - ou se preferir, por cinco das sete principais. Gastaram, aliás, por jogadores que não são exatamente de ponta: James Milner, Yaya Touré, Balotelli, David Silva e Kolarov.
Entre jogadores brasileiros, o único presente na relação das 10 maiores negociações é Ramires, que só usou a camisa do Benfica por uma temporada e já se mudou para o campeão inglês Chelsea por 22 milhões de euros. A outra transferência badalada foi de Robinho, que no último dia se mudou do próprio Manchester City para o Milan.
Por 15 milhões de euros, ele se juntou a Ibrahimovic, Ronaldinho e Alexandre Pato no ataque do clube italiano. Robinho foi vendido exatamente pela metade do que o City pagou por Balotelli. Ou ainda por 25 milhões de euros a menos do que valia há dois anos, quando saiu do Real Madrid.
Com a venda para o Milan, aliás, Robinho ultrapassou Kaká e se tornou o segundo jogador brasileiro a movimentar mais dinheiro em transferências na história do futebol. Em três negócios, ele acumulou 85 milhões de euros, ficando atrás apenas dos 100 milhões de euros que Ronaldo acumulou em cinco negócios.
Considerados os três clubes ingleses mais tradicionais, Arsenal, Liverpool e Manchester United tiveram saldo de transferências inferior a 10 milhões de euros negativos e praticamente não comprometeram seus orçamentos com negociações. Na mesma conta, o saldo do City foi de 109 milhões de euros negativos.
Essa também foi, entre os italianos, a janela da criatividade. Sem dinheiro para gastar como em tempos passados, apelaram para outras estratégias. A Roma, por empréstimo, adquiriu Borrielo junto ao Milan, contratando também Adriano e Fábio Simplício a custo zero. O único gasto foi pelo argentino Burdisso, por quem pagou 8 milhões de euros.
Por empréstimo, o Milan levou Ibrahimovic, enquanto a Juventus buscou Aquilani, Quagliarella, Rinaudo e Armand Traoré. O clube também deu fôlego para a folha salarial liberando os caros Trezeguet, Cannavaro, Camoranesi e Diego, vendido por 15 milhões de euros ao Wolfsburg. Este, aliás, foi o clube alemão que mais gastou, com 38 milhões de euros em compras.
Finalistas da última Liga dos Campeões, Inter de Milão e Bayern de Munique simplesmente não compraram ninguém. Os alemães só retomaram Kroos, emprestado ao Leverkusen. Os italianos só receberam Phillipe Coutinho, comprado há dois anos, e o francês Biabiany, ex-Parma, sobre quem já tinham metade dos direitos.
Por fim, na Espanha, o Barcelona investiu pesado em David Villa e Mascherano, mas negociou Yaya Touré, Chygrynskiy e ainda encaminhou a venda de Ibrahimovic para 2011. O saldo, no fim das contas, ficou quase zerado, e o sonho de Fabregas não se concretizou.
O Real Madrid gastou 81 milhões de euros mas, ao contrário de outros tempos, preferiu reforçar o elenco e não recebeu nenhum astro do quilate de Cristiano Ronaldo e Kaká, se atendo aos espanhóis Canales e León, aos alemães Özil e Khedira, ao português Ricardo Carvalho e ao argentino Di María. O grande nome estará no banco de reservas: José Mourinho.