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Em 20 anos, Federer foi de bad-boy a principal nome das quadras

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Jornal do Brasil

PARIS, FRANÇA - Aos 8 anos, quando começou a se arriscar no tênis, Roger Federer era tido como uma criança com os nervos à flor da pele. Cansou de ser expulso dos treinos no centro de desenvolvimento do esporte na Suíça, em Biel, cidade de 50 mil habitantes na região da capital do país, Berna. Tinha o hábito de atirar raquete quando perdia. Era considerado talentoso, mas o jeito inconstante o derrotava.

Vinte anos passaram-se, e Federer alcançou o máximo que poderia nas quadras: o recorde de 14 títulos de Grand Slam, com troféus nos quatro torneios de maior importância no tênis (Austrália, Roland Garros, Wimbledon e Estados Unidos). Pete Sampras, que também faturou 14 Grand Slams, jamais triunfou no saibro francês.

Quando era mais jovem, não costumava pensar nas coisas e tinha atitude idiota costuma repetir Federer, que soma quase R$ 100 milhões em 11 anos como profissional. As pessoas me diziam o quanto eu era talentoso, capaz de vencer, mas eu não acreditava.

Fatos como a morte do técnico Peter Carter, em acidente de carro, ajudaram a mudar a personalidade do tenista. A acreditar mais em si. A reboque, os resultados surgiram. Em 2001, o primeiro grande feito: eliminar Sampras, então o rei da grama, em Wimbledon. O americano vinha de sequência de 31 vitórias na grama londrina. Naquele ano, Federer conquistou o primeiro título em torneios da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP), em Milão. Hoje, são 59 troféus.

A taça levantada em Roland Garros, no domingo, fechando o Grand Slam, tornou o suíço de 27 anos quase um super-herói.

Antes de competir, fiz questão de assistir à final de Roland Garros contou Tiger Woods, o Federer do golfe. É bom ver seus amigos jogando, torcer por eles. Ficava gritando em frente à TV. Acho que estava tão nervoso quanto ele.

Não foi apenas no mundo do tênis que o feito de Federer repercutiu. O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o belga Jacques Rogge, enviou carta de felicitações ao suíço.

É o melhor jogador do mundo e de todos os tempos disse Rogge.

Em seu site, o espanhol Rafael Nadal, até então tetracampeão de Roland Garros, escreveu que estava feliz pela vitória de Federer. No domingo anterior, ao ser eliminado pelo sueco Robin Soderling, superado pelo suíço na decisão em Paris, Nadal havia afirmado que Federer era o tenista que mais merecia triunfar em Roland Garros. O americano Andy Roddick, em seu Twitter, espécie de miniblog, também comentou a conquista:

Parabéns a Federer. É um feito surreal e põe fim à discussão sobre o melhor de todos os tempos, na minha humilde opinião.

Na Suíça, onde ainda vive, Federer foi reverenciado. O ginásio da Basileia, sua cidade-natal, será rebatizado com seu nome. Os jornais locais estamparam manchetes repetindo o título o maior .

Caminho de volta ao topo

Federer está no caminho para reconquistar o topo do ranking. A diferença para Nadal, após Roland Garros, é de 2.070 pontos. Esta semana, o espanhol terá 450 pontos descontados campeão do Torneio de Queen's, no ano passado, ele não competirá agora. Com lesão no joelho, Nadal é dúvida até para Wimbledon no fim do mês. Se o rival estiver ausente na grama londrina, Federer reassumirá o número 1 do mundo com triunfo. Nadal bateu Federer na decisão de 2008.