Renata Machado, JB Online
RIO DE JANEIRO - O investimento em esportes olímpicos convive com verbas inferiores ao que seria necessário. A disputa por fatias maiores do bolo se arrasta há anos. No último ciclo olímpico, de 2004 a 2008, o dinheiro estatal rendeu cerca de R$ 1 bilhão ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB), entre a Lei Agnelo-Piva e patrocínios de empresas do governo. De olho nessa fatia, clubes que contam com esportes olímpicos se uniram para tentar receber investimento estatal. Dizendo-se formadores dos atletas, eles pedem participação no orçamento. A situação se agravou no Flamengo, que informou que não renovará o contrato de três ginastas do clube que integram a seleção brasileira: os irmãos Diego e Daniele Hypólito e Jade Barbosa.
Após reunião com os três, no fim da tarde desta sexta, Márcio Braga, presidente do clube, afirmou que não tem mais dinheiro para sustentar a ginástica de alto rendimento:
Acabou o dinheiro. Não temos mais condições de assinar um contrato com esses atletas, porque não poderemos cumprir com eles. Não teremos condições de pagar alegou Márcio Braga.
O Flamengo quer fazer um choque de gestão, ou seja, implantar um modelo de gestão profissional para gerir os esportes olímpicos. Assim, angariar patrocínios e verba federal. No entanto, não há prazo para isso acontecer. Por isso, os ginastas estão liberados para negociar com outros clubes, apesar de poderem continuar usando as instalações do rubro-negro para treinarem.
Foi uma facada muito grande. Me sinto bastante desvalorizado. Estou triste e muito decepcionado. Como eu vi que não tem solução, sinto que estamos de favor no Flamengo. Achei que foi um pouco de descaso disse Diego.
Tanto o campeão mundial como Jade e Daniele disseram que ainda vão pensar no que fazer, mas garantiram que já têm proposta de outro clube para treinarem provavelmente o Pinheiros. O clube paulista, porém, também está na briga para receber uma fatia do bolo de dinheiro federal que vai para o COB.
No próximo dia 3, oito clubes se reunirão em São Paulo para fundar o Conselho Nacional de Clubes Formadores de Atletas Olímpicos. Além de Flamengo e Pinheiros, integram o grupo Minas Tênis Clube, Grêmio Náutico União, Sogipa, Fluminense, Vasco e Corinthians.
Nos sentimos frustrados porque os clubes não são reconhecidos. Mais de 75% dos atletas que foram à Pequim eram de clubes e tivemos de escutar que a maioria deles são formados em escolas. Isso dito pelo Nuzman (presidente do COB). Essa postura começou a nos incomodar reclamou Sérgio Bruno Coelho, presidente do Minas e que também presidirá o conselho.
Apesar de Minas e Pinheiros terem conseguido captar recursos federais com a Lei de Incentivo Fiscal, eles acham que não é suficiente.