Hilton Mattos, JB Online
RIO DE JANEIRO - As tentações de Diguinho quando foi contratado pelo Botafogo, em 2005, podem sem cantadas nos versos do cantor Toni Garrido, do grupo Cidade Negra, na música "Solteiro no Rio de Janeiro". Natural de Canoas (RS), o apoiador, revelado pelo Mogi Mirim (SP), chegou à Cidade Maravilhosa aos 21 anos e se deslumbrou.
Louro, estiloso, jogador de futebol, dinheiro no bolso, carro da moda. E solteiro. Diguinho não perdeu o rumo como o lateral-esquerdo Ulisses, recentemente dispensado do Vasco por indisciplina (envolvido com drogas). Mas confessa ter feito muita besteira.
Titular absoluto do Fluminense, espera fazer história nas Laranjeiras. O salário quase dobrou, a exposição aumentou no novo clube, mas não há mais tentação que o faça perder a rota. Nesses quatro anos de praia, assédio feminino e noitadas, aconteceu de tudo, revela o jogador. Ainda que sem se abrir muito, o apoiador admite ter errado bastante.
Quando cheguei, fiquei deslumbrado. Não conhecia nada. Era jovem, inocente. Não vou dizer que não errei, pois todo mundo erra. E eu errei. Fiz muita m... Mas hoje tenho a cabeça no lugar e cuido bem de mim declarou o jogador.
De longe, não há como não ser notado. Cabelos longos, tatuagens por todo o corpo, brincos de brilhantes nas duas orelhas e relógio de grife. As roupas acompanham o estilo jovem e colorido de se vestir. No Botafogo ou nas Laranjeiras, costuma atrair a atenção do público feminino. Voltando à música: "...liberem suas delícias/parado não dá pra ficar/movimentos circulares/Zona Sul de bar em bar".
Nesse clima, o jogador cedeu a algumas tentações da noite. Não que cada um não seja dono do próprio nariz. Mas, por se tratar de um jogador de futebol, parte de seu estilo de vida era incompatível para um atleta que usa o corpo como ferramenta de trabalho. Diguinho reconhece ter exagerado na dose.
O Scheidt (zagueiro) foi muito importante pra mim nessa época. Foi o cara que me orientou. Ouvi muito conselho de muitos treinadores também. Como disse, fiz muita m..., mas hoje tenho a cabeça no lugar - frisou o apoiador.
Ano passado, antevéspera de um clássico contra o Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro, o jogador esteve na boate, em Ipanema, Zona Sul, onde o estudante Eduardo Duque, de 18 anos, foi baleado. O jogador prestou depoimento, pois havia suspeitas dando conta que ele estava no grupo do policial que atirou e tirou a vida do estudante.
À época, o Botafogo não poupou o apoiador de críticas, uma vez que, pelo avançar da hora, não seria saudável para um atleta estar numa boate a menos de 48 horas de um clássico.O colaborador alvinegro Ricardo Rottemberg comenta o episódio. Mas, ainda que Diguinho não seja mais do Botafogo, o dirigente mantém o ar paternalista.
Um jogador de uma área pobre do Rio Grande do Sul que chegou do Mogi Mirim e teve problemas para se adaptar no Rio. Gostava da noite, mas, depois da morte do irmão, em um acidente de moto que ele mesmo deu, e do incidente na boate, parece que se acertou discursa Rottemberg.
Fred fora e Rafael próximo
Diguinho quer esquecer o passado. Dele carrega somente as coisas. Mesmo porque, garante, aprendeu com os erros. Sobre o futuro, pensa apenas na história que pretende fazer no Fluminense.
Não vejo a hora de fazer minha estréia e retribuir o carinho do torcedor. O clube me recebeu de portas abertas e o mínimo que posso fazer é suar muito a camisa. Empenho não vai faltar promete.
O entrosamento com Jaílton, na proteção à defesa, virá com o tempo. Por ora, Diguinho destaca a qualidade do companheiro.
Na pré-temporada e nos treinos a gente vem se entendendo bem. Na concentração a gente também está se conhecendo.
Ontem, o Fluminense desistiu oficialmente do atacante Fred. O jogador recusou a proposta de oferecida pelo clube de comprar 40% dos seus direitos econômicos por um contrato de dois anos. À noite, o diretor de futebol Alexandre Farias se reuniu com o goleiro Rafael, recentemente dispensado pelo Vasco e deve anunciá-lo hoje como mais um reforço.