Thales Soares, JB Online
RIO - Larissa Lorendane tem apenas 14 anos. De Montes Claros, no interior de Minas Gerais, ela descobriu pela internet o draft da WPS, a nova liga profissional de futebol dos Estados Unidos. Decidiu se inscrever e sonhar encontrar Marta, a melhor jogadora do mundo, que vai disputar a competição pelos Los Angeles Sol. Larissa é apenas mais uma das cerca de 40 brasileiras entre as mil atletas inscritas na busca pela realização profissional num esporte que na terra do Tio Sam é considerado de mulheres.
Eu saí procurando na internet e achei o site falando disso. Não tem nenhum time aqui para jogar e, então, decidi me inscrever. Gosto de futebol desde pequena e ganho dos meninos sempre disse Larissa, que sonha alto. Aqui fazem um cata-cata e dão uma tacinha. Se não for para os Estados Unidos, quero ir para São Paulo e ser a melhor do mundo como a Marta.
A ilusão de adolescente de Larissa está distante do que a maioria das brasileiras procuram no draft. Até mesmo jogadoras de seleção brasileira, como a goleira Bárbara e as zagueiras Mônica e Tânia Maranhão, estão inscritas. Mesmo assim, dificilmente serão escolhidas, pois a maioria dos times já esgotou a sua cota de quatro estrangeiras. A maioria das brasileiras na disputa é formada por universitárias que deixaram o país com bolsas de estudo.
Todo mundo acha que é fácil vir para os Estados Unidos jogar futebol. Pensam que vai ganhar dinheiro fácil. Não é bem assim. Eu me formei em Educação Física, sou técnica de um colégio (Ensino Médio) e trabalho à noite na recepção da universidade em que estudei. No verão, ainda participo de uma clínica para ganhar um extra comentou Talita Guindani, de 23 anos, que estudou na Universidade de Ciências e Artes de Oklahoma, escola integrante de uma associação esportiva universitária secundária (NAIA), já que a mais importante é a NCAA.
A diferença entre Talita e Raquel Bueno é justamente o otimismo. Integrante da seleção brasileira quarta colocada no Mundial Sub-20 de 2004, quando jogou com Marta e Cristiane, Raquel tem 23 anos e esperança de entrar na liga, nem que seja nas peneiras depois do draft.
Termino a faculdade (comunicação) em maio e não sei se os técnicos me conhecem. Vim para cá depois do mundial e joguei no São Caetano. A adaptação aqui é crucial. Para arranjar trabalho ou clube tem que ter muito contato. Mas o campeonato universitário é mais organizado que qualquer um no Brasil, com uma visibilidade imensa disse Raquel, que mora na faculdade e é maior artilheira da história da Sam Houston State, da NCAA, com 27 gols em quatro temporadas.