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Ginástica e técnico revolucionário movem Fabiana Murer

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REUTERS

RIO - Fabiana Murer usa as piruetas da ginástica artística, aliadas ao método revolucionário de um técnico ucraniano, como base para ter sucesso no salto com vara e se colocar à altura de uma medalha nos Jogos Olímpicos de Pequim.

Campeã pan-americana e terceira colocada no Mundial de Atletismo, a brasileira treinou ginástica durante dez anos, até os 17, quando iniciou a carreira no salto com vara. É a mesma trajetória da recordista mundial e virtual campeã olímpica de 2008, a russa Yelena Isinbayeva, que também fez ginástica por uma década -- de 1987 a 1997.

- Eu já sabia como ficar de ponta-cabeça, tinha noção do meu corpo no espaço, então tive uma facilidade maior - disse Fabiana Murer em entrevista à Reuters.

O técnico da atleta, Elson Miranda, explicou que a brasileira e a russa são muito altas para a ginástica e que o esporte as ajudou no salto com vara. Atualmente, Fabiana treina ginástica uma vez por semana.

- Ela treina a ginástica com movimentos específicos para o salto com vara, faz barra, argola, solo. É muito mais a ginástica masculina que a feminina - contou Miranda. - O salto com vara pede uma parte acrobática depois do salto e isso se desenvolve com a ginástica.

Mais do que a ginástica, porém, o que ajudou Fabiana a decolar na nova carreira foram os treinos com o ucraniano Vitaly Petrov, a partir de 2001. Petrov foi técnico de Sergei Bubka, que quebrou 35 vezes o recorde mundial do salto com vara, e atualmente treina Isinbayeva, tricampeã mundial e atual medalhista de ouro olímpica.

- Ele revolucionou o salto com vara com a técnica que ele criou e a gente acredita que é a melhor técnica que existe - disse Fabiana.

- No começo foi muito difícil a adaptação porque ele mudou totalmente a minha técnica. Mas fui treinando, os resultados começaram a cair um pouco, e aí comecei a melhorar, e até hoje fazemos intercâmbios. Sempre que a gente acha que está bom ele vê uma coisinha que pode melhorar e isso é muito bom. Significa que ainda tenho reserva e posso saltar mais alto.

Segundo Miranda, a técnica de Petrov consiste num "aproveitamento melhor do movimento do atleta em relação à vara para ele não dissipar tanta energia".

Fabiana e seu técnico foram para a Ucrânia em janeiro deste ano e em julho irão para a Itália, onde ficarão baseados enquanto disputam competições às vésperas dos Jogos de Pequim, em agosto, sob supervisão do treinador ucraniano.

4,80 DÁ MEDALHA

No Mundial de Valência, em março deste ano, Fabiana saltou 4,70 metros e ficou com a medalha de bronze. Para assegurar uma medalha em Pequim, segundo ela, o salto precisa ser de 4,80m.

- Tenho chance (de subir ao pódio), não é fácil, tenho que melhorar meu resultado - disse.

- Para garantir tenho que saltar 4,80. É possível, estou treinando para melhorar uns centímetros. Tenho que estar tranquila na hora e acertar uns detalhes para na Olimpíada não ter erro - disse Fabiana.

A medalha de ouro deve ficar mesmo com Isinbayeva, recordista mundial com 4,95 metros. Fabiana já realizou alguns treinos com a russa e pôde comprovar sua força.

- Ela é mais forte que eu, mais veloz, então são parâmetros que eu vejo e posso melhorar - declarou a brasileira, acrescentando que a rival é "muito simpática" e a ajudou bastante na Ucrânia, especialmente com a língua.

Aos 27 anos, Fabiana disputará sua primeira Olimpíada e admite estar ansiosa.

- Fico me imaginando no estádio, como vai ser, se vai estar lotado, a eliminatória, que é uma prova muito nervosa, porque você tem que se classificar para a final, mas estou me preparando para na hora estar tranquila e conseguir um bom salto.