REUTERS
LONDRES - O secretário do Exterior britânico, David Miliband, disse no sábado que é contra um boicote às Olimpíadas de Pequim, mas que vai discutir direitos políticos e civis com autoridades chinesas em visita que fará à Ásia na próxima semana.
Grupos de defesa dos direitos humanos vêm pressionando Miliband para que dê destaque aos direitos humanos, liberdade religiosa e o conflito na região sudanesa de Darfur durante sua viagem de seis dias a Hong Kong, Xangai, Chongqing e Pequim, que começa no domingo.
Alguns políticos e ativistas pedem um boicote às Olimpíadas, em agosto, para protestar contra as violações dos direitos humanos cometidas pela China e sua postura em relação a Darfur e Mianmar.
O cineasta premiado com o Oscar Steven Spielberg renunciou na semana passada ao cargo de assessor artístico das Olimpíadas, em protesto contra a política da China em Darfur, onde um conflito que já dura cinco anos deixou estimados 200 mil mortos e 2,5 milhões de desalojados.
Pequim é grande investidora na indústria petrolífera do Sudão e sua maior fornecedora de armas.
- Não sou favorável a um boicote olímpico. Sou a favor do engajamento com a China e a colaboração internacional para reforçar os potenciais benefícios da globalização', disse Miliband em seu blog.
O príncipe britânico Charles, defensor de longa data do Tibet, também não irá às Olimpíadas, embora seus assessores não tenham informado o porquê.
Pequim rejeita as tentativas de usar as Olimpíadas para influenciar sua política.
Miliband disse que quer discutir com autoridades chinesas 'como elas vêem o desenvolvimento político e o lugar dos direitos políticos e civis individuais dentro de seu sistema.'
Observando que o presidente chinês Hu Jintao mencionou a palavra 'democracia' 62 vezes no discurso que fez em outubro no Congresso do Partido Comunista, Miliband comentou: 'Isso é importante e precisa ser compreendido.'
- Na visão britânica, a responsabilidade democrática e os direitos individuais são um baluarte da estabilidade de um partido político. Elas garantem espaços para a expressão de insatisfação dentro do sistema, em lugar de forçar as pessoas a buscar alternativas fora dele', disse ele.
Em outubro, Hu Jintao falou sobre explorar maneiras de ampliar 'a democracia intrapartidária ao nível de base.' O Partido Comunista chinês resiste aos chamados por uma democracia no estilo ocidental.