Continuidade

Por PEDRO RODRIGUES

O ala Alex Negrette começou muito bem pelo Flamengo

Os times do Rio estão em um giro paulista e, mesmo com poucos jogos na temporada, essas partidas fora de casa já permitem observar o estado atual dos projetos de basquete de Flamengo, Botafogo e Vasco da Gama. São situações distintas, com cenários e expectativas próprias, mas é preciso apontar algumas lacunas que precisam ser preenchidas para que o basquete nos três grandes evolua.

Comecemos pelo cenário mais “simples”: o Flamengo. O clube da Gávea tem um dos maiores orçamentos do basquete nacional e mantém um protagonismo que já dura mais de uma década. Neste ano, não é diferente. Com um time comandado por Alexey Borges, o Flamengo está invicto neste momento da temporada, com cinco jogos e cinco vitórias.

O grande trunfo desse projeto, já maduro, é a continuidade. A base criada com Alexey e Ruan (fora desta temporada por lesão) começou no ano passado, quando o time ainda era dirigido por Gustavo de Conti. Agora, sob o comando de Sérgio “Oveja” Hernández, a equipe trouxe bons nomes, como o armador Dee Bost e o excelente ala Alex Negrette.

O ponto principal aqui não é a condução do projeto, e sim a expectativa. O Flamengo vive um incômodo jejum de títulos do NBB e vê o Sesi-Franca se consolidar como a dinastia da década, com jogadores como Lucas Dias e Georginho.

 

 

Já o Botafogo tem outra história. O Alvinegro está em seu terceiro ano consecutivo no NBB — e em seu terceiro recomeço. É preciso reconhecer o esforço da diretoria, que trabalha constantemente para manter o clube representado na categoria adulta. Porém, essa falta de continuidade é prejudicial ao projeto.

Somente o armador Matheusinho permanece desde o retorno do clube ao NBB, na temporada 23/24. São três anos com três técnicos diferentes e elencos praticamente renovados a cada temporada. Infelizmente, os resultados ainda não vieram: são quatro derrotas e apenas uma vitória — sobre o Vasco da Gama. Duas dessas derrotas aconteceram em viradas dolorosas, contra Fortaleza e Unifacisa.

São três anos de muita entrega em quadra, mas pouco resultado esportivo. Para que o projeto cresça, chegar aos playoffs é fundamental na construção de uma base sólida para o futuro.

Falando em futuro, chegamos ao Vasco da Gama. Se estivéssemos na NBA, poderíamos dizer que esta é a temporada de rebuild do time. Pena que, por aqui, não temos o mesmo cenário da liga americana, em que uma boa escolha no draft pode mudar a sorte de uma franquia da noite para o dia. No NBB, o caminho é bem mais complicado.

Depois de uma boa retomada — com um 4º lugar em 2024 e presença nos playoffs em 2025 —, o Vasco começou esta temporada cercado de incertezas: perdeu o patrocinador principal e viu o futuro do projeto ser colocado em dúvida. Só no início de outubro o clube começou a divulgar seu elenco para 25/26, montado de acordo com o (pouco) orçamento disponível.

Mesmo assim, o time conta com um astro no banco de reservas, o técnico Léo Figueiró. A equipe, embora modesta, compete até a última gota de suor e talento. São cinco jogos e nenhuma vitória até agora — algo que naturalmente acende o alerta. Talvez com um ou dois reforços estrangeiros o Vasco consiga as vitórias necessárias para fugir do rebaixamento. Esse seria um destino cruel demais para uma diretoria, comissão técnica e elenco que têm se esforçado ao máximo para entregar bons resultados.

Para finalizar…

O manto das acusações envolvendo Terry Rozier e o ex-técnico Chauncey Billups ainda paira sobre a temporada da NBA. A liga precisa mudar de assunto — e levar novamente o foco para dentro das quadras. Por isso, a NBA Cup deste ano tem tanta importância.

Se tivermos uma final com o Spurs do fenômeno Victor Wembanyama e um Bulls ou Knicks, o enredo muda. Já que chegar às finais da NBA ainda não é realidade para Wemby, disputar uma decisão — mesmo que seja da NBA Cup — já vale muito.