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NAS QUADRAS - Tudo sobre basquete

Entrevista de Guilherme Buso, diretor de Comunicação da Liga Nacional de Basquete

Por PEDRO RODRIGUES, [email protected]
[email protected]

Publicado em 24/02/2021 às 12:15

Alterado em 24/02/2021 às 12:47

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O maior evento de marketing do esporte nacional está de volta! A Liga Nacional de Basquete anunciou na semana passada, no dia 15, a realização do Jogo das Estrelas do NBB, nos dias 19 e 20 de março. A sede será em São Paulo, no ginásio do Esporte Clube Pinheiros, sem público presente e com todos os protocolos de segurança já aplicados no NBB. E pela primeira vez teremos um formato novo com 4 diferentes capitães (Marquinhos do Flamengo, Shamell do São Paulo, Alex do Bauru e Georginho do São Paulo), draft de jogadores pelos capitães e uma espécie de Final Four entre as 4 equipes. O evento terá um forte viés social com diversas ações em prol das vítimas do Covid-19.

Confira a entrevista exclusiva com o diretor de Comunicação da Liga Nacional, Guilherme Buso, onde conversamos sobre o Jogo das Estrelas, as ações sociais e novas iniciativas da Liga.

Macaque in the trees
. (Foto: Reprodução da Internet)

NAS QUADRAS: Antes de tudo, parabéns pela realização do Jogo das Estrelas este ano. O evento fez muita falta no ano passado e agora ressurge com um formato diferente devido à pandemia d Covid-19. A experiência com as sedes animou a Liga a realizar o jogo? Foi meio que um “test-drive” se era possível ter o evento este ano?

GUILHERME BUSO: O modelo adotado (as sedes) para a temporada nos fortalece e nos deixa mais seguros (não só o corpo executivo da Liga, mas os atletas, treinadores, clubes) porque tem se mostrado um modelo que nos permite detectar qualquer caso rapidamente. Lembrando que o protocolo sanitário fechado faz que os jogadores sejam testados a cada três dias, e quando entram na sede são testados a cada dois dias. Para o Jogo das Estrelas em São Paulo, os jogadores chegarão testados no dia 18, um dia antes, e serão testados novamente durante o evento. Faremos o protocolo exatamente como está sendo feito no NBB, o que nos dá uma segurança maior para que a gente consiga colocá-lo em prática.

Uma das grandes diferenças é na parte logística, já que geralmente o Jogo das Estrelas é um evento que trazemos os atletas com bastante antecedência para as ações sociais e as ações promocionais. Neste ano teremos muitas ações pré-evento, mas todas virtuais (com os jogadores no hotel ou em seus quartos). Será um evento bem diferente que se encaixa ao protocolo e no momento atual do país.

O mais importante foi a iniciativa de mudar o Jogo das Estrelas de uma festa de interação constante com o público para um evento com caráter social. A partir de agora vamos utilizar a plataforma Jogo das Estrelas para promover iniciativas sociais, para contribuir um pouco com a sociedade brasileira, com os fãs de basquete e com as pessoas que de alguma forma tiveram algum impacto com o Covid. Para nós, ter uma ação mais voltada para o social é um motivo de orgulho e um marco. O Jogo das Estrelas já tinha esta característica, só que este ano aumentamos muito essa faceta. Será uma virada importante, sem perder as características de quadra, que são relevantes para as pessoas que estão em casa, carentes de ações e ativações de entretenimento por causa do Covid.

Acredito que um dos motes para ter o evento foi a questão social de ajuda às vítimas da Covid-19. Que ações vocês estão planejando neste sentido? Podemos ter leilões da camisa dos jogadores para ajudar na arrecadação?

NAS QUADRAS: Acredito que um dos motes para ter o evento foi a questão social de ajuda às vítimas da Covid-19. Que ações vocês estão planejando neste sentido? Podemos ter leilões da camisa dos jogadores para ajudar na arrecadação?

GUILHERME BUSO: As iniciativas sociais serão anunciadas a partir da semana que vem [nota da coluna: os anúncios ocorreram durante esta semana]. Buscamos angariar fundos para instituições afetadas pelo Covid. Mas não buscamos só o dinheiro, e sim iniciativas que vão contribuir. Sejam através de doações de materiais, doações de sangue, de um olhar mais sincero e mais sério para algumas causas e também a doação de dinheiro. Cada capitão vai indicar e jogar por uma instituição e terá uma premiação em caso de vitória em quadra.

Os parceiros e patrocinadores também vão doar parte dos investimentos das ativações promocionais. Em relação a sua pergunta do leilão, ainda não está 100% confirmado, mas vamos fazer algo relacionado com prêmios. Já realizamos anteriormente isso com a Penalty, a "Ação Bola do Jogo", desenhada por crianças e depois pintada por um artista. Foi uma experiência feliz. Depois o material criado na ação foi leiloado para ações sociais. Tudo isso está sendo pensado e será anunciado previamente a partir da semana que vem [nota da coluna: esta semana].

NAS QUADRAS: Fez muita falta o Jogo das Estrelas no ano passado para o público do NBB e a Liga. Os clubes e os jogadores também se juntaram a este coro para termos o jogo este ano?

GUILHERME BUSO: O ano passado foi o primeiro baque que a gente teve, quando a pandemia chegou ao Brasil. Estávamos há uma semana do Jogo das Estrelas, que seria no Ibirapuera, dois dias de evento. Não é porque ele não aconteceu, mas ele seria, de fato, o maior Jogo das Estrelas que a gente já organizou. Tínhamos muitas ações previstas. Eram dois shows do intervalo, um para cada dia. Um grande evento. Cancelar tudo pensado e estruturado é duro.

O Jogo das Estrelas tem se mostrado um evento muito importante, não só para o basquete e para o NBB, mas para o esporte brasileiro. Pela inovação e para mostrar que é possível fazer grandes eventos no Brasil.
Os atletas e os treinadores sempre foram muito engajados, mas este ano, pela pandemia e pelo contato, a relação Liga-Clubes (que sempre foi muito forte), agregando agora a Associação dos Jogadores e a Associação dos Treinadores, ficou mais próxima ainda. Quando nós apresentamos essa nova dinâmica do Jogo das Estrelas (o formato inovador dos quatro capitães junto com a pegada social), os atletas abraçaram logo de cara, assim como os treinadores. Os atletas entenderam a importância da plataforma Jogo das Estrelas como promoção do basquete, mas também um grande potencializador de boas iniciativas. Poder usar essa plataforma como ferramenta social agradou muito, tanto que pela primeira vez, direta e oficialmente, assinamos o Jogo das Estrelas com a Associação dos Atletas Profissionais de Basquete e com a Associação dos Treinadores. Parece uma coisa pequena, mas é muito representativo. Muitos atletas sentiram na pele o cancelamento do campeonato. É muito assustador. E poder contar com o poder da imagem deles, com o esforço de contribuir e retribuir, é muito valioso.

Macaque in the trees
Shamell, Marquinhos, Georginho e Alex serão os capitães dos 4 times do Jogo das Estrelas do NBB (Foto: Arte/ Liga Nacional de Basquete)

NAS QUADRAS: Um dos temas do release é sobre experiências digitais dos parceiros. Teremos alguma experiência digital que os usuários poderão utilizar em suas contas de redes sociais? No passado tinha o emoji ou hashtag do Jogo das Estrelas no Twitter. E a torcida digital via alguma plataforma como Zoom ou Teams?

GUILHERME BUSO: É isto mesmo. As ações especificamente serão anunciadas a cada semana. São inúmeras ações que vão trazer o público de alguma forma para o evento. O fato de não ter público (presencial) faz com que pensemos em como interagir com este público.

O Jogo das Estrelas é um jogo mais festivo que não tem as características de um campeonato tradicional (necessidade da vitória e performance). Apesar da mudança do formato, é uma iniciativa que busca fazer com que o jogo em si tenha uma pegada mais competitiva. Estamos muito confiantes neste novo formato: de transformar o jogo tradicional de quatro quartos em quatro minijogos. Os atletas gostaram muito desta mudança. Vamos anunciar os atletas em breve e os capitães vão poder escolher seus próprios times. A gente está muito empolgado com esse formato e isso já é uma mudança muito interessante para o evento.
Mas trazer o público para participar diretamente de algumas decisões de quadra é o que está nos agradando muito. Hoje a tecnologia permite algumas coisas. Vamos anunciar grandes interações reais de engajamento que vão impactar o que acontece no jogo.

Além das interações tradicionais em redes sociais que a gente já faz, este ano a gente quer fazer com que o público tenha um impacto grande na partida com sua vibração e com estas ativações, mesmo sem estar no ginásio. Os únicos personagens que estarão de fato na quadra são os atletas. Não teremos nenhuma intervenção na quadra, vamos trazer tudo para o mundo virtual, mas tentando buscar ações que tenham impacto direto na quadra.

NAS QUADRAS: A experiência do Jogo das Estrelas anterior à pandemia sempre foi de envolver o público em ações de Marketing muito bem orquestradas como a dos 100 pontos do McDonald’s. Caso o formato digital funcione, poderemos ver eventos menores da Liga usando uma destas iniciativas em períodos sem o NBB? Um NBB Experience com, por exemplo, somente o campeonato de enterradas, ou o jogo dos jovens para consumo somente on-line?

GUILHERME BUSO: Sim, converso um pouco sobre isso na pergunta anterior, mas é isso mesmo. Todas as ações estão sendo pensadas para o mundo digital ou para a transmissão em si. A falta de público devido à pandemia nos fez quebrar a cabeça, e trouxemos os parceiros para pensar junto. E todos os parceiros também estão nesta pegada digital pré e durante o evento. Algumas coisas quando você limita ao público presente no ginásio facilitam, como na ativação dos 10 mil Big Macs [nota da coluna: no Jogo das Estrelas de 2018, a promoção distribuiu vouchers de Big Mac para o público presente, assim que um dos times em quadra atingiu o placar centenário]. De uma forma ou de outra este tipo de ativação vai ocorrer em um ambiente totalmente digital, utilizando ferramentas que o fã em casa vai poder usufruir e interagir. Nós conversamos internamente e depois que o evento ocorrer vamos poder falar, mas a nossa intenção é que seja o maior evento interativo do esporte brasileiro. Ou seja, queremos que o fã esteja dentro do evento, mesmo que de forma virtual, e participando ativamente através de plataformas digitais.

NAS QUADRAS: Saindo um pouco do Jogo das Estrelas, como surgiu a ideia dos minidocumentários “Nosso Basquete, Nossas Histórias”?

GUILHERME BUSO: O projeto surgiu basicamente quando viemos com o conceito da campanha desta temporada. Acreditamos que a ideia tem força para durar muitas temporadas. Quando começamos a montar o conceito do ‘Nosso Basquete’ [nota da coluna: a campanha foi lançada no começo da temporada 2020/2021 com hashtag #nossobasquete e video de super fã ], visamos valorizar, dar voz e promover tudo que acontece com o nosso basquete. Não só bola, performance e quadra, mas todo o resto. Isso tudo para mostrar quão forte e transformador é o nosso basquete, e quantas histórias incríveis que ele conta. Especialmente qual o impacto do basquete na nossa sociedade e principalmente o impacto que o basquete tem na vida das pessoas. Foi muito fácil chegar no conteúdo que queríamos explorar na temporada do "Nossas histórias".

Iremos trabalhar o campeonato em andamento da melhor forma possível com o que acontece em quadra, mas agora também promovendo histórias de vida que foram transformadas pelo nosso basquete. Não significa necessariamente ter uma história relacionada ao NBB. A primeira de fato é [nota da coluna: o primeiro vídeo da campanha já está disponível com a história do jogador Camaronês, da Unifacisa, Adrien Mouaha, e vale a pena conferir], e a segunda também será. Sem dar muito spoiler, mas como é uma história muito linda vou adiantar alguma coisa por aqui. A segunda será da vencedora do “Queen of Fans”, a torcedora francana Amanda, que é completamente apaixonada pelo basquete (para vocês entenderem a paixão dela pelo Franca, ela é jovem, mas chega a guardar recortes de jornais dos jogos francanos igual a fãs da moda antiga.) Foi esta paixão que a tornou “Queen of fans” na ação que realizamos com a Budweiser no começo da temporada.

Vamos contar histórias como estas. Histórias que o NBB não conseguia mostrar, já que acabava se concentrando muito no jogo em quadra. Com toda razão, já que o jogo e nossos atletas são os nossos maiores ativos, mas a ideia é mostrar para um público novo que não chega a acompanhar muito o NBB e outras pessoas que não estão somente focados em performance, mas em pessoas que gostam de consumir um conteúdo on-line com qualidade e que gostam de conteúdo com algo para contar. A ideia é essa: através destes minidocumentários sensibilizar o fã do NBB e o público em geral sobre o tamanho do nosso basquete.

NAS QUADRAS: Voltando ao Jogo, como está a sua expectativa para o evento que é tão querido e especial para todos na Liga e o público do NBB?

GUILHERME BUSO: Me lembro muito bem do final do meu último jogo das Estrelas em 2018. Fizemos uma entrevista na quadra [nota da coluna: a entrevista saiu na época no saudoso “Bala na Cesta”]. Os eventos do Ibirapuera (2017 e 2018) foram dois eventos absurdamente gigantes. O último, em 2018, tivemos diversas ações com parceiros. Se não me engano, foi o primeiro que fizemos com o McDonald’s, tivemos o vídeo do Kobe Bryant homenageando o Marcelinho Machado, e a outra homenagem ao Shamell. Foi muito grandioso. A operação do evento foi muito grande. Me lembro muito bem que assim que terminou eu percebi que tínhamos realizado algo muito grandioso. E eu tenho a mesma sensação para o deste ano. O do ano passado teria sido o maior de todos, mas se formos pensar bem seria muito parecido com os anteriores. Este ano, com a pegada digital que vamos realizar, e com a interação do público junto com o mote social, o evento irá quebrar novas barreiras e paradigmas de eventos esportivos no Brasil. Por isso estamos muito motivados. Eu, particularmente, estou muito empolgado com tudo que temos a entregar.
Claro que somente após o evento poderemos fazer um balanço (se conseguimos atingir tudo que queríamos), mas agora, neste momento, estamos ultramotivados com a possibilidade de mais uma vez quebrar mais uma barreira e trazer um marco fundamental para os eventos esportivos. E todos sabemos da responsabilidade que será necessária para conseguirmos entregar tudo que está sendo planejado.