ASSINE
search button

Com elite na Europa, Argentina sofre para achar técnico na era Messi

Benjamin CREMEL / AFP -
Lionel Messi
Compartilhar

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - Desde que estreou na seleção principal argentina, em 2005, Lionel Messi foi comandado por nove treinadores diferentes. Se Lionel Scaloni cair após a eliminação para o Brasil na semifinal da Copa América, serão dez em 14 anos. O Brasil teve seis no mesmo período.

Com contrato até dezembro, Scaloni tem como sombra o nome de Marcelo Gallardo, o técnico mais popular do futebol do país hoje em dia. A questão é se o campeão de duas Libertadores com o River Plate aceitaria deixar o clube.

Macaque in the trees
Lionel Messi (Foto: Benjamin CREMEL / AFP)

Messi teve José Pekerman, Alfio Basile, Diego Maradona, Sergio Batista, Alejandro Sabella, Gerardo Martino, Edgardo Bauza, Jorge Sampaoli e Lionel Scaloni como técnicos.

"O período que mais fui feliz na seleção foi com Sabella", admite o camisa 10, falando do período em que foi vice-campeão mundial e eleito o melhor jogador da Copa do Mundo de 2014.

A Argentina tem treinadores que estão entre os mais importantes e cobiçados do futebol europeu, mas a AFA (Associação de Futebol Argentino) não consegue seduzi-los para dirigir a seleção. Diego Simeone já foi sondado duas vezes, mas preferiu continuar no Atlético de Madri (ESP). Questionado sobre o assunto, Mauricio Pocchetino disse desejar no futuro estar no time nacional. Mas não agora.

O cargo se tornou até um assunto para o presidente da República. Em visita à sede da Fifa, em Zurique, na semana passada, Mauricio Macri sugeriu que o escolhido para a seleção seja Gabriel Heinze, ex-zagueiro da seleção e hoje treinador do Vélez Sarsfield.

A derrota para o Brasil por 2 a 0 na última terça (2), no Mineirão, colocou em xeque a posição de Scaloni. Mas apesar do resultado negativo, foi a melhor partida da Argentina na Copa América. A equipe chutou mais ao gol que o adversário, criou mais chances e Messi fez sua melhor apresentação com a camisa alviceleste desde o confronto com o Equador, em 2017, pelas eliminatórias para a Copa do Mundo. Mas não foi o suficiente para vencer.

"Minha permanência é o menos importante. Mostramos que existe um caminho e deixamos uma imagem de um futuro bom para esta seleção", disse Scaloni após o jogo.

Foi a mensagem que Lionel Messi também tentou passar. Ele pediu que não se desfaça o trabalho iniciado e que as pessoas acreditem nos novos jogadores que apareceram no time nesta Copa América, como De Paul, Paredes e Lautaro Martínez.

No ano passado, Claudio Tapia, presidente da AFA, disse que o projeto com a seleção seria de longo prazo. Levaria uma década. Para ajudar Scaloni a carregar o peso de comandar a equipe, contratou Cesar Luis Menotti, treinador campeão do mundo em 1978, para ser o coordenador de seleções.

Não deu muito certo. Até a partida diante do Brasil, o futebol do time foi tão ruim que levou questionamentos até a Messi, que estava apagado na competição. Menotti recebeu críticas por ter ficado na Argentina enquanto a delegação disputava o torneio que poderia acabar com o jejum de 26 anos sem títulos.

Nomes de peso como Simeone e Pocchetino não se sentem atraídos pela possibilidade de comandar a seleção porque não confiam na AFA, que vive o que parece ser uma interminável instabilidade política. A parte financeira também não é das melhores. Mesmo desesperada para demitir Sampaoli depois da Copa do Mundo do ano passado, a associação não tinha dinheiro para pagar a multa rescisória de R$ 50 milhões. Teve de esperar que ele propusesse um acordo e deixasse o cargo por R$ 7,5 milhões.

A questão política também se coloca no meio do caminho de Gallardo para a seleção. Ele já disse não concordar com o estilo de trabalho da AFA e não mostrou grande empolgação com a possibilidade de deixar o clube onde será eternizado com uma estátua em frente ao estádio Monumental de Nuñez.

Gallardo não tem multa rescisória para sair do River, mas há também o componente da rivalidade com o Boca Juniors. O vice da Associação é Daniel Angelici, presidente do Boca. O presidente Claudio Tapia também é torcedor da equipe e dono de cadeira cativa no estádio de La Bombonera.

Com sinais inversos, é a repetição do que aconteceu no início do século. Carlos Bianchi ganhou três Libertadores e dois mundiais pelo Boca Juniors. Mas nunca dirigiu a seleção argentina.