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Em clássico tumultuado, Vasco bate Fluminense por 1 a 0 e fatura a Taça Guanabara

Policia Militar RJ/Divulgação -
Confusão maracanã
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Em um domingo com confusões, brigas e interferência da Justiça sobre a presença de torcida - que fizeram com que o clássico começasse com os portões fechados, que só foram abertos aos 30 minutos do primeiro tempo -, o Vasco levou a melhor dentro de campo e faturou o título da Taça Guanabara, o primeiro turno do Campeonato Carioca, ao derrotar o Fluminense por 1 a 0. O herói foi o lateral-esquerdo Danilo Barcelos, com um gol de falta aos 35 minutos da segunda etapa.

Em campo, sem torcida, o jogo pouco teve de emoção. O Fluminense, com seu estilo de jogo, tinha mais posse de bola, mas pouco ameaçava o goleiro Fernando Miguel. Do outro lado o mesmo panorama e Rodolfo não teve que fazer qualquer defesa mais difícil. Somente depois da parada técnica, aos 28 minutos, coincidindo com a liberação para a entrada dos torcedores, é que o duelo esquentou.

Cada equipe teve uma boa oportunidade antes do intervalo. Aos 34 minutos, Bruno César arriscou de fora da área e a bola subiu muito. O Fluminense respondeu quase em seguida, aos 38, com Yony González. O atacante recebeu passe de Luciano e, quase na pequena área, finalizou. Fernando Miguel saiu bem na jogada e a bola bateu no seu rosto e foi para fora.

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A taça é erguida para festa da torcida, que resistiu à incompetência dos cartolas e à violência fora do estádio (Foto: Dhavid Normando/AE)

Depois do intervalo, o Fluminense seguiu com mais posse de bola e logo ameaçou o Vasco. Aos três minutos, Yony González recebeu na direita e, de dentro da área, deu belo passe para Everaldo na marca do pênalti. O atacante mandou a bola por cima do travessão. O mesmo aconteceu com Luciano, aos 17, em uma cabeçada para fora, à esquerda da meta de Fernando Miguel.

O Vasco tinha uma postura mais defensiva e contou com um lance bobo de Marlon para conseguir o gol do título. Aos 35 minutos, o lateral-esquerdo tinha a bola nos pés e tentou um drible desnecessário na defesa. Perdeu a bola e fez a falta. Danilo Barcelos fez a cobrança com força e a bola, depois de passar por toda área tricolor, entrou no canto direito de Rodolfo.

O técnico Fernando Diniz ficou furioso com o lance e chegou até a perder um pé de seu tênis na hora da raiva com Marlon, que foi substituído na sequência por Marcos Calazans. Nervoso, o Fluminense foi todo ao ataque e tentou de tudo para conseguir o empate, mas não teve sucesso.

Nos últimos minutos, até o VAR (árbitro de vídeo, na sigla em inglês) foi acionado pela primeira vez em jogos do Campeonato Carioca. Após uma confusão entre jogadores dos dois times, já nos acréscimos, Luciano foi expulso após consulta do árbitro de campo Bruno Arleu de Araújo.

Resultado ofuscado pela confusão

O caos previsto para o clássico no Maracanã se confirmou. Em um primeiro momento, a decisão da Justiça, anunciada na madrugada, com portões fechados foi mantida. Com muitos torcedores do lado de fora, a maioria do Vasco, a confusão se iniciou praticamente no mesmo momento que a bola começou a rolar. Após muita correria, gás de pimenta e bombas de efeito moral, o desembargador de plantão Andre Emílio Ribeiro liberou a entrada, já com 30 minutos de bola rolando. E os vascaínos ficaram mesmo no polêmico setor sul do estádio.

A ação policial resultou em pelo menos 29 feridos. O tumulto aconteceu porque uma decisão judicial, tomada de madrugada - quando 30 mil ingressos já tinham sido vendidos - inicialmente impediu que o público entrasse. A entrada só foi liberada às 17h30, quando a partida já tinha passado da metade do primeiro tempo.

Vascaínos e tricolores disputavam o setor sul do Maracanã. O Vasco, que tinha o mando de campo, manteve a venda de ingressos para sua torcida na área das arquibancadas que ocupa desde a inauguração do estádio, em 1950. O Fluminense alegava que, por contrato com o Complexo Maracanã, tinha direito a usar o mesmo espaço, fosse ou não o mandante da partida. O clube das Laranjeiras obtivera liminar garantindo a prerrogativa, mas o rival recorreu. Os tricolores então, alegando problemas de segurança, requereram que o clássico fosse com portões fechados.

A desembargadora de plantão, Lucia Helena do Passo, atendeu ao pedido. A magistrada entendeu que o contrato do clube com o Complexo Maracanã era omisso em relação à situação que se apresentou e também viu problemas de segurança. Determinou que o dinheiro dos ingressos fosse devolvido. Os dois clubes chegaram a fazer um acordo para abertura do estádio durante o jogo, com o Vasco assumindo o risco de pagar R$ 500 mil em multa, mas o Juizado Especial Criminal (Jecrim) não aceitou.

A decisão elevou a tensão. Torcedores chegavam para assistir ao jogo e eram impedidos de entrar. Por volta das 17 horas, uma grade foi derrubada e começou o tumulto. Cavalarianos do Regimento de Polícia Montada investiram contra alguns torcedores, enquanto que bombas explodiam em meio ao corre-corre. Houve pelo menos quatro registros policiais. A multidão chegou a se dispersar, mas, perto das 17h30, voltou a se aglomerar.

Quando uma nova confusão era iminente, a entrada foi liberada pela Justiça. Com algum tumulto, os torcedores entraram no estádio, quando o jogo já tinha mais de 30 minutos. Foi, porém, uma partida praticamente de torcida única: havia muito poucos torcedores tricolores. A maioria do público presente assistiu à vitória cruzmaltina, com gol de falta de Danilo Barcelos, aos 35 da segunda etapa.

 

 

FICHA TÉCNICA

VASCO 1 x 0 FLUMINENSE

VASCO - Fernando Miguel; Raúl Cáceres, Werley, Leandro Castán e Danilo Barcelos; Raul (Ribamar), Lucas Mineiro e Bruno César (Rossi); Yago Pikachu, Marrony (Andrey) e Maxi López. Técnico: Alberto Valentim.

FLUMINENSE - Rodolfo; Ezequiel, Digão, Matheus Ferraz e Marlon (Marcos Calazans); Airton, Bruno Silva (Caio Henrique) e Daniel (Dodi); Everaldo, Luciano e Yony Gonzalez. Técnico: Fernando Diniz.

GOL - Danilo Barcelos, aos 35 minutos do segundo tempo.

CARTÕES AMARELOS - Andrey, Ribamar, Maxi López, Leandro Castán e Danilo Barcelos (Vasco); Ezequiel, Digão e Bruno Silva (Fluminense).

CARTÃO VERMELHO - Luciano (Fluminense).

ÁRBITRO - Bruno Arleu de Araújo.

RENDA - R$ 1.112.000,00.

PÚBLICO - 29.002 torcedores.

LOCAL - Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ).

Dhavid Normando/AE - A taça é erguida para festa da torcida, que resistiu à incompetência dos cartolas e à violência fora do estádio