Campeão de títulos grandes. Grande estrategista, capaz de anular os pontos fortes de qualquer adversário. Competitividade altíssima em diferentes cenários. Foi nesse pacote que o Manchester United apostou ao contratar José Mourinho, em 2016. O português, tratado com justiça como um dos melhores técnicos do mundo, era uma bola de segurança para o clube que acumula fracassos depois da aposentadoria de Sir Alex Ferguson, em 2013. As chances quase desprezíveis de um insucesso, no entanto, parecem ter virado realidade.
Dois anos e meio após seu início, a “Era Mourinho” no United é pouco comentada pelos feitos, como o título da Liga Europa e a volta à Liga dos Campeões. E muito pelos defeitos – relacionamento ruim com jogadores e imprensa, tropeços e postura defensiva contra adversários inferiores.
Problemas no Chelsea
O treinador terá hoje, às 13h30, contra o Newcastle, mais um capítulo da complicada relação com a torcida em Old Trafford. A pressão em todos os setores do clube é tanta que, mesmo em caso de vitória, Mourinho deverá ser demitido, segundo o jornal “Mirror”. A cobrança se justifica: passadas sete rodadas do Campeonato Inglês, o United ocupa a modesta décima colocação, com apenas dez pontos. O líder Manchester City já abriu nove pontos.
É o pior início do United desde o a instauração da Premier League, em 1992/93. Esta temporada, o time de Mourinho jogou três vezes em casa e venceu só na estreia, contra o Leicester. O desempenho tampouco empolga em outras competições, com direito a vaias após o 0 a 0 com o Valencia, pela Liga dos Campeões.
A situação ficou crítica quando o United foi eliminado da Copa da Liga Inglesa pelo Derby County, da segunda divisão. A derrota em Old Trafford foi simbólica, pois o rival era comandado por Frank Lampard, um dos craques do Chelsea na bem-sucedida primeira passagem de Mourinho pelo clube, entre 2004 e 2007. Tempos que fizeram de Mourinho “The Special One”. Foi bicampeão de forma incontestável.
Na volta à Inglaterra e ao Chelsea, entre 2013 e 2016, o treinador levantou mais um troféu do Campeonato Inglês (2015). A temporada derradeira pelo clube de Londres, no entanto, trouxe à tona as características negativas do português. Ao perder a mão no relacionamento com o elenco, os resultados ruins e as explosões temperamentais vieram como bola de neve.
Foi o início do ocaso de quem disputava com Pep Guardiola o título de melhor técnico do mundo. A rivalidade ficou marcada pelos anos em que ambos protagonizaram, junto com Cristiano Ronaldo e Messi, o superclássico Real Madrid x Barcelona. Uma reedição do duelo se projetou quando Mourinho chegou ao United e Guardiola ao City. Mas enquanto o espanhol se reinventou, o português dá sinais de ter parado no tempo. E precisa rever conceitos se quiser retomar os dias de glória.