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Crivella e Freixo fazem primeiro debate do segundo turno

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Os candidatos Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (Psol) participam nesta sexta-feira (7) do primeiro debate de televisão no segundo turno para a Prefeitura do Rio. O encontro é promovido pela TV Bandeirantes.

No primeiro bloco, Freixo questionou Crivella a respeito dos boatos e mentiras que estariam sendo criados por aliados do senador do PRB e que vêm sendo espalhados nas redes sociais e enviados a eleitores por mensagens de celular. Freixo pediu para que Crivella comentasse as calúnias. Em tom de provocação, o senador respondeu ao deputado estadual lembrando de suas alianças partidárias no segundo turno.

"Você tem ao seu lado partidos que protagonizaram os grandes escândalos, como o petrolão. Eles são seus aliados. São de sua responsabilidade esses escândalos? Claro que não. Então, você não pode colocar nas minhas costas tudo o que ocorre na internet. Política é um dilúvio de ódio e de paixões. O duro é quando sai nos jornais e você não consegue se defender, como a história de que Garotinho estará no meu governo", disse ele, mencionando o jornal O Globo, que estampou em uma de suas capas, durante o primeiro turno, a relação de Crivella com o ex-governador do Rio.

Freixo rebateu as críticas relacionadas ao apoio dado à sua candidatura pelo PT e lembrou que Crivella foi ministro da Pesca do governo petista: "Eu não fiz parte do governo que o senhor chama de responsável pelo petrolão, já o senhor foi ministro desse governo. Mas a questão não é essa. Eu estou falando de crime, de calúnia e de difamação, de inventar coisas graves numa campanha muito desrespeitosa com o eleitor. Vou manter o debate respeitoso".

Os candidatos responderam sobre a manutenção do valor da tarifa de ônibus na cidade. Crivella criticou o fato de que a passagem aumentou além da inflação, apesar das melhorias feitas pelo poder público para o transporte de ônibus, como os corredores de BRT. Freixo disse que vai cumprir determinação do Tribunal de Contas do Município (TCM) e reduzir a passagem, além de criar a integração entre todos os modais, inclusive as barcas.

Perguntado por um telespectador se manteria apoio à Parada do Orgulho Gay, Crivella disse que sim, se comprometendo em defender a expressão democrática das minorias. Freixo disse que a Parada Gay é necessária para denunciar o preconceito e a violência contra os homossexuais.

Outra pergunta feita por telespectador foi sobre a política para pessoas em situação de rua. Freixo disse que há poucos abrigos, que hoje poderiam acomodar apenas 2 mil pessoas, quando há atualmente cerca de 6 mil moradores de rua. Crivella destacou que a questão mais grave nos moradores de rua é o uso de drogas, principalmente o crack, sendo necessário haver um programa de acolhimento, citando a experiência feita em São Paulo.

Sobre as políticas para os vendedores ambulantes, ambos os candidatos defenderam que haja espaço para os trabalhadores informais. Crivella disse que era importante não haver concorrência direta com comerciantes formais. Freixo disse que a cidade deveria proporcionar depósitos para as mercadorias dos ambulantes, para facilitar o seu trabalho.

Perguntados sobre a possibilidade de reduzirem a velocidade do trânsito nas ruas, Freixo disse que apoia a medida adotada pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Crivella disse que houve controvérsias na capital paulista, mas afirmou ser favorável.

Primeiro dia de governo

Em sua apresentação, no início do debate, Crivella disse que a primeira ação de seu governo será rever as filas de cirurgias não emergenciais nos hospitais públicos. "Vamos fazer uma mobilização para conseguir terminar com a hedionda fila de cirurgias no Rio, atualmente só se faz cirurgia de emergência", criticou o candidato.

Marcelo Freixo, por sua vez, disse que sua primeira prioridade, antes mesmo de assumir o cargo, será convocar todos os educadores da cidade, incluindo todos funcionários que trabalham nas escolas públicas. Freixo prometeu a revisão do plano de cargos e salários e disse que vai promover a autonomia pedagógica das escolas. "Todos queremos que a escola pública seja um espaço de transformação para a cidade", observou.

Desemprego e empreendedorismo

Ao responder sobre sua proposta para reverter o índice de desemprego na cidade, o candidato do Psol lembrou que o Rio perdeu recentemente 20 mil postos de emprego, "mais que em São Paulo", observou. "A economia do Rio precisa buscar alternativas, olhar para os territórios, para as favelas, que não podem ser um espaço de medo e onde o Estado precisa entrar e acreditar que ali existe potencial de trabalho, de cultura, de emprego e para oferta de microcrédito com o objetivo de promover o empreendedorismo".

Crivella afirmou que o poder público não pode atrapalhar a iniciativa privada e que deve apenas auxiliar a economia com o aperfeiçoamento da mão de obra. "Não é o setor público que gera emprego, é a iniciativa privada que move a economia do mundo. O município não pode atrapalhar, e sim aperfeiçoar a mão de obra, sobretudo nas comunidades mais carentes. A máquina pública deve ser pequena e não atrapalhar", argumentou o senador.

Segurança pública e UPPs

O senador Marcelo Crivella voltou a mencionar o Cimento Social, programa de habitação popular idealizado por ele, e o Zona Franca Social, para a redução de impostos com, o fim de gerar empregos para a população das comunidades. "Esses rapazes e moças que caíram no tráfico têm muitos talentos e eles precisam ser trabalhados", afirmou o candidato, propondo, em paralelo às Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), as UPPs sociais.

O deputado estadual do PSol lembrou que foi presidente da CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e afirmou que a Prefeitura tem a obrigação de fazer investimentos nas comunidades, já que paga parte dos salários de policiais militares no programa de segurança pública que pertence do Governo do Estado do Rio. "Não é possível que ainda não haja saneamento básico, é preciso criar condições de investimentos para as comunidades".

Saúde

Freixo criticou a gestão da saúde pública dos últimos governos e disse que vai ampliar o atendimento básico das Clínicas da Família, além de reivindicar a coordenação de 4 mil leitos federais que podem acabar com as filas dos hospitais. "A saúde do Rio virou caso de escândalo nos jornais, mas ela tem solução. Temos pesquisa, temos verba, temos universidades para trabalhar em conjunto, é preciso fazer com que esse atendimento básico seja ampliado, mas, acima de tudo, ter a gestão plena dos 4 mil leitos federais. Não precisa enganar a população, dizendo que vai construir um monte de coisas. Vamos pegar o que existe e botar para funcionar".

Crivella garantiu que a saúde será uma de suas principais preocupações. O candidato disse ter um histórico de compromisso com a saúde do Estado do Rio na função de senador. "Já garanti no tempo de senador milhões de reais para a saúde. Mas ainda faltam médicos em praticamente todas as clínicas da família e nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). Você, que tem uma cirurgia para ser feita, pode ter a certeza de que vou me preocupar com isso o tempo todo", afirmou, dirigindo-se aos espectadores.

Ataques e acusações

Nas considerações finais, no quinto bloco do debate, Marcelo Crivella queixou-se dos ataques da imprensa, ao abordar sua relação com a Igreja Universal e com a Rede Record, emissora que do Bispo Macedo, tio do candidato. "Talvez ninguém tenha sofrido mais do que eu, mas essas controvérsias acabam nos engrandecendo".

Freixo também lembrou dos ataques que vem sofrendo nas redes sociais e disse que não fará uma campanha eleitoral "baixa". "Tudo o que não me mata me torna mais forte. A gente não vai fazer uma campanha baixa, porque a gente tem propostas. O povo não é rebanho, o povo sabe o que quer e precisa ser ouvido. Não quero cuidar das pessoas, quero governar com as pessoas, chamar a população a participar das decisões públicas e políticas da cidade".

Com Agência Brasil