No primeiro bloco do último debate antes do segundo turno entre os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), nesta sexta-feira (29), o tucano criticou a impunidade em casos de corrupção e lembrou que muitas investigações teriam caído no esquecimento, sem punição dos envolvidos. Serra citou o caso dos "aloprados", de 2006, quando petistas teriam tentado "comprar" um dossiê contra tucanos. Dilma citou o caso dos "sanguessugas", de 2006 - quadrilha que desviava dinheiro para compra de ambulâncias -, e disse que, para combater a corrupção, o País nâo pode ter um "engavetador geral da República" (alusão ao ex-procurador geral da República, Geraldo Brindeiro, durante o governo FHC).
"Vimos escândalos de grande porte e não foi ninguém preso, a impunidade floresce. O dinheiro do governo é de todos nós. Tem casos que ainda estão insepulto, que não aconteceu nada, como o caso dos aloprados", disse Serra.
Na réplica, Dilma afirmou acreditar que nos últimos anos os casos de corrupção começaram a ser apurados com o fortalecimento da Polícia Federal. "É importante investigar e punir, doa a quem doer", disse. A petista citou a Controladoria Geral da União como um "instrumento importante", lembrando que foi o órgão responsável pela investigação da Operação dos Sanguessugas.
Funcionalismo público e agricultura
Serra foi quem recebeu a primeira pergunta por sorteio, cujo tema foi funcionalismo público. "Eu defendo a carreira, o concurso, a valorização dos profissionais de cada área. Mas tem que ter um exemplo de cima", disse. Na réplica, Dilma afirmou que "no Brasil, há uma tradição de pagar mal o funcionalismo público e inclusive a desvalorizá-los" e reforçou que o governo atual fez esforços para valorizar os professores do ensino público e os policiais.
Dilma foi questionada sobre o tema agricultura e prometeu levar de forma mais ampla a agricultura familiar para todo o País, beneficiada pelo programa Luz Para Todos. "Tem que ser dado para o agricultor e para o filho do agricultor as mesmas condições que se tem na cidade" para evitar o êxodo rural. Serra replicou que "a agricultura precisa de renda" e o pequeno agricultor tem um alto grau de endividamento, com a política econômica de juro alto, além de sair enfraquecido pela queda do real.
Segurança
Quando o assunto foi segurança pública, a candidata petista comentou a falta de influência do governo federal na área, pois o assunto é colocado como responsabilidade dos Estados. "Sempre o governo federal diz: não é comigo, pois a segurança pública é dos Estados. Eu não acho não", disse, propondo a formação de "centros de referência" e políticas comunitárias na periferia. Serra concordou afirmando que o Governo Federal tem que "se jogar na luta" contra o contrabando de drogas e de armas e reforçou que pretende criar o Ministério da Segurança.
Dilma respondeu que existe no Brasil um cadastro de criminosos (o Infoseg) e destacou a criação da Força Nacional da Segurança Pública durante o governo Lula e o fortalecimento da Polícia Federal para combater o crime.