Os mercados acionários americanos iniciaram a semana em clima tenso fechando em queda depois de o jornal britânico Financial Times relatar, por meio de fontes, no fim de semana que o presidente americano, Donald Trump, teria encomendado ao Departamento do Tesouro um estudo para restringir investimentos da China em empresas de tecnologia dos Estados Unidos.
O Índice S&P 500 terminou o pregão em queda de 1,37%; o Dow Jones, 1,33%; e o Nasdaq, que reúne as empresas de tecnologia, foi o que mais perdeu, recuando 2,09%.
Nem mesmo as declarações de Peter Navarro, principal assessor de Comércio do governo de Donald Trump, conseguiu reverter as perdas ao afirmar que o mercado estava exagerando ao temer que o governo Trump restringiria o investimento estrangeiro como parte das ações comerciais contra a China e outros países. "Não temos planos para impor restrições ao investimento de qualquer País que esteja interferindo de alguma forma contra o nosso país", disse. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, havia negado mais cedo as informações que circulavam na imprensa, mas ressaltou que divulgaria um comunicado "não especificamente sobre a China, mas sobre todos os países que estão tentando roubar nossa (dos EUA) tecnologia".
Para especialistas, a perda do Nasdaq se manteve forte também pela pressão em torno da lei de imigração, cuja votação tem sido protelada pelos deputados republicanos. A legislação é fundamental para empresas de tecnologia, uma vez que os estrangeiros representam 25% da força de trabalho do setor.
Durante meses, os mercados financeiros desconsideraram a crescente linguagem e a imposição de tarifas diretas entre o governo Trump e os parceiros comerciais mais importantes dos Estados Unidos, incluindo Canadá, México, União Europeia e China. Mas nos últimos pregões, a apatia foi substituída pelo que parece ser um alarme crescente sobre a perspectiva de uma corrida global para erigir barreiras comerciais. "Acho que estamos lentamente entrando em um estágio mais sério na guerra comercial", disse Ethan Harris, chefe de pesquisa em economia global do Bank of America Merrill Lynch. "As pessoas estão começando a perceber que não há sinal de melhora à vista."
Apesar de contabilizarem perdas significativas na sessão, há quem aposte que o mercado acionário ainda não ponderou a guerra comercial completamente. "Nuvens de tempestade no horizonte de uma possível desaceleração no crescimento mundial (e dos lucros) estão sendo ignoradas no momento", escreveu o economista-chefe do MUFG Union Bank, Christopher Rupkey, em relatório. Para ele, ainda há muita incerteza não capturada pelos investidores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.