Odebrecht, Andrade Gutierrez e a Camargo Corrêa, as três maiores empreiteiras do país, implicadas nos escândalos apurados pela Operação Lava-Jato, estão em crise financeira, com a suspensão de vários contratos na Petrobras e Eletrobrás, sob acusação de superfaturamento, além de financiamentos do BNDES no país e no exterior. Maior do país, a baiana Odebrecht adiou para maio a sucessão de Emílio Odebrecht no Conselho de Administração da holding CNO, enquanto não acerta empréstimo de R$ 3 bilhões com um pool de bancos liderados pelo Santander e Itaú.
A holding da empreiteira, que apresentou os resultados de 2017 em jornal da Bahia, dia 27 de abril, conseguiu reduzir o mega prejuízo de R$ 14,2 bilhões, em 2016, para R$ 2,9 bilhões em 2017. Para tanto, executa agressivo plano de venda de 12 ativos no Brasil e no exterior no montante de R$ 12 bilhões, que inclui participações em concessões de portos e aeroportos e linhas de metrô, já tendo sido arrecadados R$ 7,4 bilhões. Só a Norberto Odebrecht Engenharia teve prejuízo de R$ 1,17 bilhão em 2017.
Crédito e sucessão
A construtora está em dificuldades para honrar empréstimo de R$ 500 milhões que venceu dia 25 de abril. E tenta, via holding, renegociar o débito que é parcela de empréstimo de R$ 2,2 bilhões, com novo financiamento de R$ 3 bilhões, junto a Santander e Itaú. Mas ambos querem como garantia ações da Braskem. A empresa petroquímica que a CNO controla com 51% e 47% da Petrobras, é garantia de empréstimo do BNDES, via BNDESPar. Todo o imbroglio levou ao adiamento da aposentadoria de Emilio Odebrecht que comanda a CNO desde a prisão do filho, Marcelo Odebrecht, em 2015.
A Andrade Gutierrez continua com dificuldades para honrar crédito de US$ 325 milhões (R$ 1,1 bilhão ao câmbio atual) que vence esta semana. Com R$ 520 milhões bloqueados na semana passada, pelo Tribunal de Contas da União, por fraudes e superfaturamento nas obras de Angra 3, a construtura negociou empréstimo com o BTG Pactual para que ele assuma fatia de R$ 1 bilhão devida ao Banco do Brasil e ao Bradesco. Mas a operação não saiu.
Diante da dificuldade de acerto entre os grandes bancos brasileiros - por sinal, decorrente da concentração bancária, que envolve ainda a Caixa Econômica Federal, todos envolvidos e encalacrados nas participações da problemática Sete Brasil, empresa que contrataria plataformas de petróleo e as alugaria para a Petrobras - já por demais envididada para contrair novos compromissos - foi acionado o Fundo de Investimento americano Pimco para adiantar US$ 500 milhões, mas a operação também não teve bom resultado.
No balanço de 2017, divulgado dia 27 de abril, no “Diário Oficial do Estado de São Paulo”, a Camargo Corrêa apresentou prejuízo líquido de R$ 1,4 bilhão, mais do que o dobro dos R$ 676 milhões negativos de 2016. O balanço é resumido, mas assinala que as dívidas do grupo montam a R$ 3 bilhões. Além de concessões de rodovias e estaleiros, a Camargo Corrêa é sócia da Queiroz Galvão no Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, que foi construído para produzir petroleiros à Petrobras e plataformas de petróleo para a Sete Brasil, e está à venda, por queda de encomendas.