Mercosul e União Europeia assinaram um esboço de acordo em 1995, que sinalizou o compromisso de prosseguir acordos de comércio livre (ALC) entre os dois blocos. Desde então, muitas negociações falharam, mas conversas em 2015 culminaram em propostas que levaram os dois blocos a entender que a execução de um acordo é altamente possível, escreve André Silva da Cruz no A&E.
"Uma das mudanças de paradigma foi o apoio que o governo brasileiro recebeu do setor privado, que até então exigia mais protecionismo para conter a entrada de importações estrangeiras. Essas barreiras não produziram o efeito desejado que buscavam, já que ainda mais produtos estrangeiros entraram no país, apesar da presença de barreiras aduaneiras significativas", diz a publicação.
"Apesar da falta de progresso na negociação de um acordo, os negociadores do governo e do setor privado trabalharam de perto entre 2012 e 2015 para eliminar as barreiras comerciais. Isto resultou em uma oferta do Mercosul para liberalizar os requisitos de importação para 90% dos produtos comercializados com a UE", completa.
A União Europeia, reconhecendo as oportunidades que viriam em um acordo com o Mercosul, e temendo o protecionismo dos Estados Unidos e do Reino Unido, parte em busca de novos parceiros de negócios.
De acordo com a publicação, o Brasil tem um incentivo adicional para formalizar o acordo com a União Europeia. Em todo o comércio entre Mercosul e o bloco europeu em 2015, 69% foi feito com o Brasil. Dos US$ 54 bilhões exportados pela União Europeia ao Mercosul, US$ 38 bilhões foram destinados ao Brasil.
Por outro lado, as exportações do Brasil para a UE cresceram de 23 bilhões de euros entre 1995 e 2004 para 46 bilhões em 2015. "Todos os sinais indicam que ambas as partes querem assinar um acordo até o final deste ano, para que as definições técnicas possam estar estabelecidas no primeiro semestre de 2018."
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