Matéria publicada nesta sexta-feira (3) no The Wall Street Journal, conta que a Opep encerrou sua reunião de ontem sem ter chegado a um acordo sobre a produção, dando continuidade a uma política de não intervenção que, segundo seus integrantes, pode testar a relevância do grupo de uma nova forma: com uma escassez de oferta. Depois de os preços terem subido quase 80% nos últimos meses, desde uma mínima de 13 anos atingida em fevereiro, havia pouca pressão para que os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo tomassem alguma medida significativa para reduzir o enorme excesso na oferta global de petróleo, disseram os ministros de Energia dos países, após a reunião.
Segundo a reportagem, os preços do petróleo avançaram 0,3% ontem, uma vez que os investidores enxergaram além da decisão da Opep e negociaram o produto com base em novos dados mostrando queda na produção de petróleo dos Estados Unidos. Os preços do petróleo já haviam subido na quarta-feira diante das declarações de alguns membros da Opep, que aventaram a ideia de reintroduzir coletivamente limites de produção. Isso serviria como um sinal para o mercado de que o grupo pode ser disciplinado. Até dezembro do ano passado, a Opep tinha um limite de produção de 30 milhões de barris por dia, marca que ela frequentemente ultrapassava em mais de 2 milhões de barris diários.
Ontem, porém, de acordo com o Journal, os membros decidiram contra o retorno desse tipo de teto, afirmando várias vezes que o mercado está se reequilibrando e citando o aumento da demanda nos EUA, na Índia e em outros grandes consumidores como fator determinante para a decisão. Eles também destacaram a produção em queda nos EUA, onde a extração em formações de xisto recuou em face da pressão do colapso dos preços. Mas tensões geopolíticas também ajudaram a minar o acordo, com o Irã tendo se posicionado firmemente, na quarta-feira, contra qualquer movimento que limitasse sua própria produção, já que busca se reerguer economicamente após o fim das sanções do Ocidente, em janeiro.
Agora, em meio a críticas de que a organização não é capaz de adotar uma ação coordenada e está cada vez mais irrelevante, alguns ministros afirmam que seu principal papel é simplesmente garantir um fornecimento constante de petróleo. Eles sinalizaram a possibilidade de uma escassez do produto causada por uma redução histórica nos investimentos globais do setor, uma lacuna que o grupo, responsável por cerca de 40% do petróleo mundial, afirma poder acabar preenchendo.
Falar sobre atender a uma escassez no fornecimento é uma reviravolta para a Opep, finaliza o texto do WSJ.