Matéria publicada nesta quinta-feira (3) no The Wall Street Journal, conta que o Banco Central Europeu está estudando maneiras de reduzir o custo dos juros negativos para os bancos.
Segundo a reportagem, os rumores surgiram uma semana antes de uma reunião importante de política monetária do BCE, em 9 e 10 de março, na qual o banco central vai definir o patamar dos juros. O BCE se comprometeu também a reavaliar seu programa de compra de quase 1,5 trilhão de euros (US$ 1,6 trilhão) em títulos de dívida e outras políticas concebidas para combater a inflação persistentemente baixa da zona do euro.
Em um discurso em Frankfurt, Benoît Coeuré, um dos seis membros do conselho executivo do BCE, disse que o banco está “estudando cuidadosamente os métodos utilizados em outras jurisdições”, com o objetivo de mitigar o impacto das taxas negativas nos empréstimos dos bancos.
Em dezembro do ano passado, o BCE cortou sua taxa de depósito para –0,3% ao ano, o que significa que ele cobra juros sobre as reservas que os bancos comerciais depositam na instituição, em vez de remunerá-las. Outros bancos centrais que cortaram os juros para abaixo de zero, como o Banco do Japão, têm buscado reduzir os custos dos bancos através de sistemas estratificados de taxas de depósito, em que as reservas dos bancos são divididas em níveis e as maiores taxas aplicadas somente a uma parte delas.
Alguns economistas esperam que o BCE faça a mesma coisa na próxima semana, se ele cortar os juros novamente, como é amplamente esperado.
O jornal americano comenta que François Villeroy de Galhau, que integra o conselho diretor do BCE, de 25 membros, disse ontem a parlamentares franceses que o BCE está pronto para lançar novas medidas de estímulo na próxima semana, “se necessário”.
“Não estamos em deflação, mas devemos evitar que as expectativas de inflação futura se tornem pessimistas demais”, disse Villeroy de Galhau.
O BCE espera que os juros negativos incentivem os bancos a aumentar seu volume de empréstimos e, dessa forma, estimulem a abatida economia da zona do euro. Executivos de bancos alertam, porém, que essa política está comprimindo os lucros das instituições e pode forçá-las a buscar uma compensação elevando o custo dos empréstimos — exatamente o oposto do que o BCE quer.
O codiretor-presidente do banco alemão Deutsche Bank, John Cryan, ressaltou ontem que os bancos estão procurando qualquer forma possível de compensar seus prejuízos nos depósitos aumentando algumas taxas de juros, inclusive de hipotecas.