Matéria publicada nesta segunda-feira (29) no El País, conta que o mundo inteiro está acompanhando o preço do petróleo, que não para de cair, deixando os mercados e governos agitados.
O preço do petróleo caiu quase 70% desde seu pico de US $ 115 por barril em 2014, e temos que nos acostumar com a ideia de que o preço não vai se recuperar a curto prazo.
Segundo a reportagem, o brent deve chegar a US $ 45 este ano, com o congelamento da produção norte-americana, mas para subir mais teria que acontecer algo muito inesperado, como interromper o fornecimento. A produção norte-americana está em declínio, mas não tanto ou tão rápido quanto muitos analistas tem antecipado. Com novas tecnologias para aumentar a produção seria possível voltar rapidamente ao seu nível anterior para tirar proveito do aumento dos preços, e assim os preços cairiam novamente.
Além disso, o fim das sanções contra o Irã pode aumentar suas exportações em um milhão de barris por dia antes do fim do ano. Iraque também produzirá mais. E a Líbia, apesar das suas dificuldades, vai acrescentar entre 200.000 e 300.000 barris por dia na primavera.
A verdade é que nenhum governo tem motivos reais para impedir a produção na esperança de que os preços subam. Se Arábia Saudita cortar sua produção, provavelmente reduzirá sua quota de mercado, mas os preços não vão subir, porque os outros irão produzir mais. A Rússia, assolada por sanções e extrema recessão, não tem motivos para produzir menos. O Irã passou anos esperando para vender mais petróleo, mesmo a um preço mais barato.
E agora que o mundo está repleto de petróleo, é provável que aconteça uma mudança na demanda de cerca de 1,7 milhões de barris por dia em 2015 para 1,1 ou 1,2 milhões em 2016.
O país deve se preocupar mais com os preços? Naturalmente, os problemas da Rússia serão o centro das atenções. O governo de Putin obtém metade de suas receitas com a exportação de energia.
Além dos bilhões em reservas, a Rússia tem uma relação favorável da dívida em relação ao PIB que facilita a obtenção de mais dinheiro, e uma taxa de câmbio flexível, o que ajuda a amortecer o golpe dos baixos preços do petróleo. Como se isso não bastasse, Putin tem um índice de aprovação de 82%.
Os sauditas devem estar mais preocupados. O governo ainda possui mais de 600 milhões de dólares em reservas, o que significa 100 milhões a menos do que ha um ano atrás, e a menos que a família real seja capaz de introduzir reformas fundamentais em sua economia, haverá um dia em que faltará o valor que precisam para subsidiar as vidas de seus cidadãos. Isto coincide com a ascensão de seu rival, o Irã, a perda da confiança nos EUA como um aliado e crescentes tensões na família para o próximo processo de sucessão.
No entanto, se um país pode sofrer uma verdadeira crise em 2016, é a Venezuela. O presidente Nicolas Maduro está enfrentando uma grave crise econômica, a escassez de todos os tipos de produtos, sendo controlado por uma oposição no Congresso e anda cada vez mais irritado, com a possibilidade de um referendo tirá-lo do poder. Com o petróleo da Venezuela sendo vendido a US $ 24 o barril, será difícil evitar algum tipo de aumento da sua atual dívida.
Texto traduzido e baseado em matéria do jornal El País. Para ler na íntegra, basta acessar o link abaixo:
https://elpais.com/elpais/2016/02/15/opinion/1455531239_520379.html