Matéria publicada na sexta-feira (19) no Project Syndicate, analisa que o poderia muito bem ser considerado um ato final de desespero, os bancos centrais estão abdicando de um controle efetivo das economias. Na verdade, a mudança para taxas negativas só vai agravar os riscos de instabilidade financeira e definir o cenário para a próxima crise.
Segundo a reportagem, primeiro vieram as taxas de juros próximas a zero, em seguida as taxas de juros negativas, como uma tentativa frustrada em reajustar a economia.
A adoção de taxas de juros negativas, implantadas na Europa em 2014, agora está sendo utilizada no Japão, representa um importante ponto de virada para os Bancos centrais. Anteriormente, o foco era o aumento da demanda agregada, principalmente através da redução do custo dos empréstimos, mas também estimulando a valorização dos ativos financeiros. Mas agora, ao impor sanções a reservas em depósito com bancos centrais, as taxas de juros negativas conduzem o estímulo do lado da oferta de crédito, pedindo aos bancos para fazer novos empréstimos, independentemente da demanda por tais fundos.
Tal comprometimento é de âmbito global. Não é apenas do Japão, onde a supostamente um poderoso impulso de Abenomics não conseguiu levantar uma economia em dificuldades a 24 anos, com crescimento do PIB ajustado pela inflação de 0,8%. É também dos EUA, onde a demanda dos consumidores, o epicentro da grande recessão da América, permanece quase estagnada com 1,5% de crescimento real médio nos últimos oito anos. Pior ainda está acontecendo na zona do euro, onde o crescimento real do PIB de apenas 0,1% de 2008 a 2015.
Tudo isso fala reflete a impotência dos bancos centrais para impulsionar a demanda das economias.