Matéria publicada nesta terça-feira (2) no The Wall Street Journal, conta que um dos maiores nomes da indústria de fundos de hedge estão aumentando suas apostas contra a moeda chinesa, criando um clima de guerra entre Wall Street e os líderes da segunda maior economia do mundo.
A Hayman Capital Management, de Kyle Bass, vendeu grande parte de seus investimentos em ações, commodities e títulos de dívida para dar total atenção às apostas contra moedas asiáticas, como o yuan e o dólar de Hong Kong.
É a maior aposta concentrada que a firma de investimentos de Dallas já fez desde sua lucrativa investida contra o mercado imobiliário americano, anos atrás. Cerca de 85% do portfólio da Hayman Capital agora está investido em negócios que devem dar retorno se o yuan e o dólar de Hong Kong continuarem se desvalorizando nos próximos três anos — uma jogada de bilhões de dólares, que inclusive usa dinheiro emprestado.
“Quando você fala em ordem de grandeza, isso é muito maior que a crise do ‘subprime’”, diz Bass, em referência aos títulos lastreados em hipotecas de baixa qualidade que estiveram no centro da crise financeira de 2008. Ele acredita que o yuan deve cair até 40% nesse período.
O operador bilionário Stanley Druckenmiller e o gerente de fundo de hedge David Tepper também se posicionaram contra a moeda chinesa, segundo pessoas a par do assunto. O Greenlight Capital Inc., de David Einhorn, é outro que está investindo na desvalorização do yuan.
As apostas dos fundos ocorrem num momento de enorme sensibilidade para os líderes chineses. O governo enfrenta dificuldades em várias frentes para administrar a desaceleração da economia, lidar com um sistema bancário altamente endividado e guiar a transição para um crescimento baseado no consumo, em vez de investimentos. Ontem mesmo o país deu novos sinais de fraqueza, com o instituto de estatísticas confirmando que dezembro registrou o sexto mês consecutivo de contração no índice de compras do setor manufatureiro.
Expectativas de um yuan mais fraco levou a um êxodo de capital tanto de chineses quanto de investidores estrangeiros. Embora ainda possua o maior volume de reservas estrangeiras do mundo, de US$ 3,3 trilhões, a China tem registrado uma enorme fuga de capital nos últimos meses. Os fundos de hedge estão especulando que a China permitirá que sua moeda se desvalorize ainda mais, num esforço para impedir uma saída de capital ainda maior e dar impulso ao crescimento econômico.