A Camargo Corrêa vendeu a fabricante da Havaianas, a Alpargatas, por R$ 2,7 bilhões à dona da JBS, a J&F Investimentos. Uma das principais atingidas pela Operação Lava Jato, o grupo também planeja encontrar um sócio para o seu negócio principal, a cimenteira InterCement.
A empresa é dona da única das grandes empreiteiras do país que admitiu participação nos esquemas de cartel e propina na Petrobras e também no setor elétrico. Em agosto, assinou acordo de leniência com o Ministério Público, com o compromisso de devolver R$ 700 milhões.
O Grupo Camargo Corrêa, que deve faturar R$ 27,6 bilhões neste ano, teria uma dívida líquida gerencial de R$ 24 bilhões -- a de curto prazo seria de R$ 2 bilhões --, conforme informou o presidente da Camargo Corrêa, Vitor Hallack, em entrevista à Folha de S. Paulo.
As ações preferenciais da Alpargatas fecharam o pregão na bolsa em queda de 8,03%, a R$ 8,95, e as ações ordinárias tiveram alta de 0,63%, a R$ 10,06, nesta segunda-feira (23).
No início do mês, a Alpargatas havia anunciado a venda das marcas Topper e Rainha por R$ 48,7 milhões para o Sforza. A maior na área de calçados da América Latina, a empresa ainda detém as marcas Mizuno, Timberland e Osklen. Tem 18,6 mil funcionários e, no primeiro semestre deste ano, teve uma receita líquida de R$ 1,946 bilhão.
A J&F teve que disputar a aquisição da Alpargatas com outras empresas. De acordo com informações do Valor Econômico, os grupos de investimento Península, KKR, Carlyle e Pátria estavam também negociando a compra do controle há cerca de três meses. As conversas com a J&F teriam durado um mês.
O presidente atual da Alpargatas, Márcio Utsch, deve permanecer no cargo até a conclusão da compra do controle pela J&F. Além da JBS, a J&F tem como negócio a Vigor, Flora, Eldorado Brasil, Banco Original, Canal Rural, Oklahoma, Floresta Agropecuária e, agora, Alpargatas, dependendo da aprovação do Cade.