ASSINE
search button

Moody's não prevê cortes na nota do Brasil, mas reforça importância de ajuste fiscal

Rebaixamento do rating neste ano já levava em consideração as dificuldades de 2016

Compartilhar

Após a Moody's divulgar relatório prevendo retração de 3% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro na manhã desta terça-feira (6), um representante da agência de classificação de risco afirmou que não vê possibilidades de novos cortes no rating do país nos próximos meses, mas ressaltou a importância de que o governo consiga aprovar as medidas necessárias para sustentar a questão fiscal. 

Em entrevista coletiva durante a 17ª Conferência Anual - Moody's América Latina, o analista sênior Mauro Leos explicou que, ao rebaixar a nota soberana do Brasil de "Baa2" para "Baa3" em meados de 2015, a agência já contemplava as dificuldades políticas e econômicas a serem enfrentadas pelo país em 2016. Com isso, a perspectiva de seu rating continua estável.

O economista ainda afirmou que, no atual cenário de crise política, é difícil fazer projeções econômicas no Brasil. "O consenso político é condição necessária para melhorar", enfatizou. A Moody's espera que o país comece a se recuperar em 2016, para ter uma melhoria das contas públicas em 2017. Mas para isso acontecer, a agência vê como essencial a aprovação do ajuste fiscal.

Para isso, Leos vê na recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) um elemento importante. "Não estou aqui classificando se o tributo é bom ou ruim, mas vejo como um componente para solucionar o Orçamento", argumentou. Mesmo assim, o analista entende que os problemas não serão resolvidos apenas pelo lado das receitas, sendo imprescindível cortar gastos.

Em relação aos indicadores positivos, o representante da Moody's elogiou as robustas reservas internacionais brasileiras e disse que o déficit em conta-corrente ainda é, em grande parte, coberto por investimentos externos produtivos. Leos também lembrou que apenas 5% da dívida pública federal do país é indexada ao câmbio, uma boa notícia em tempos de valorização do dólar. Em relação ao sistema financeiro, por sua vez, o economista afirmou que o Brasil tem importantes índices de robustez de capital e liquidez bancária.    

>>> Moody's prevê retração de 3% do PIB brasileiro em 2015

Por Ana Siqueira