“A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) afirmou na segunda-feira (09/02) que a demanda por seu petróleo subirá este ano já que os Estados Unidos produzem menos e consomem mais, em um relatório que aparentemente aponta os benefícios da estratégia do cartel de deixar os preços do petróleo cair para atingir os concorrentes”. É o que diz um artigo publicado pelo jornal americano The Wall Street Journal nesta terça-feira (10/02).
“Em um relatório mensal no mercado, a Opep inverteu uma previsão anterior que a procura por seu petróleo declinaria em cerca de 300.000 barris por dia. Agora, o grupo disse que a demanda será de 29,2 milhões de barris por dia, um aumento de cerca de 100.000 barris por dia comparado com o ano passado”, escreve Benoit Faucon.
Ele diz que o relatório é o último marco na luta de alto risco em torno dos preços do petróleo. O custo do cru despencou mais do que a metade, para menos de US$ 60 o barril, desde que começou a cair em meados do ano passado. Os preços da gasolina nos EUA estão no nível mais baixo em uma década.
“No passado, a Opep cortava com frequência a produção para sustentar os preços quando o mercado caía. Mas em um encontro em novembro, o cartel, liderado pela Arábia Saudita, decidiu não reduzir a produção, um movimento visto como uma tentativa de infligir danos econômicos em produtores de petróleo nos Estados Unidos, onde a produção tem aumentado.
O petróleo de campos de xisto recém explorados nos Estados Unidos é mais caro para produzir do que o petróleo cru na maior parte do resto do mundo. Logo, é mais difícil manter a produção quando os preços estão baixos.
A previsão da Opep é de que a oferta de petróleo dos EUA aumente mais lentamente, em 130.000 barris por dia a menos do que o esperado anteriormente em 2015. Isso se dá porque os preços de petróleo forçaram um grande número de sondas de perfuração a fechar, afirmou a Opep. O crescimento na produção americana já desacelerou de 96.000 barris por dia em outubro para 14.000 barris por dia em novembro, embora ainda precise ser traduzido em um real declínio da produção”, escreve o jornalista.
Ele prossegue: “Além disso, os preços também forçaram companhias internacionais de petróleo a cortarem seus gastos, enquanto os campos russos cada vez mais gastos vão produzir menos do que o esperado anteriormente, afirmou o grupo.
Preços de petróleo mais baixos também ajudaram a reanimar a procura por petróleo entre motoristas americanos. A Opep elevou sua previsão para o consumo na América do Norte em 150.000 barris por dia, uma mudança que se traduz em um aumento de 20.000 barris por dia na projeção do crescimento da demanda em todo o mundo”.
“A gasolina, em particular, continua sendo um fator chave por trás do crescimento da demanda nos EUA, em grande parte é um resultado de preços mais baixos,” afirmou a Opep. No total, espera-se que o consumo aumente em 1,17 milhões de barris por dia para 92,32 milhões de barris por dia.
Uma autoridade saudita do ministério do petróleo afirmou que o panorama visto pela Opep é parecido com a visão que há dentro do reino. “Há fortes indicações de que os produtores americanos de xisto estão sendo atingidos e por volta da segunda metade deste ano muitos obstáculos marginais vão desaparecer da vontade do mercado e a demanda vai aumentar para os membros da Opep,” disse ele.
A nova projeção da Opep não significa necessariamente que os preços do petróleo vão voltar aos níveis anteriores. Sua própria produção se mantém em quase 1 milhão de barris por dia acima da quantidade de que os mercados precisam.
Em janeiro, a produção da Opep totalizou 30,15 milhões de barris por dia, 53.000 barris por dia abaixo do nível de dezembro, em grande parte devido aos conflitos na Líbia. O Brent, a referência mundial, e o petróleo West Texas Intermediate estavam sendo negociados com uma alta de 1% na segunda-feira à tarde em Londres, seguindo uma tendência de alta ao longo das últimas duas semanas.
Olivier Jakob, diretor-geral da Petromatrix, consultoria com sede na Suíça, disse que os países membros da Opep ainda não estão a salvo. Fora do Golfo Persa, os membros “precisam de um preço muito mais alto para equilibrar seus orçamentos. Eles estão em apuros,” disse Jakob, um experiente analista que acompanha os movimentos da Opep. “O aumento nos volumes (necessários) não é suficiente para compensar os preços mais baixos”.